Bruxelas saúda abertura da China para voltar a exportar terras raras para a UE
A Comissão Europeia ressalvou que até ao momento o que existe é "uma indicação do Governo chinês, através de uma declaração do porta-voz do seu Ministério do Comércio", de que o país "está a estudar o assunto", não tendo sido apresentadaqualquer proposta estruturada.
A Comissão Europeia (CE) saudou esta terça-feira a abertura da China para voltar a exportar para a União Europeia (UE) os minerais conhecidos como terras raras, cuja escassez está a afetar a indústria dos países comunitários.
"Acolhemos com satisfação o anúncio da China. Este é um tema de importância estratégica para a UE devido à situação alarmante que a nossa indústria enfrenta [devido à escassez de matérias-primas]", disse hoje o porta-voz comunitário Olof Gill, na conferência de imprensa diária da CE, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Olaf Gill ressalvou que até ao momento o que existe é "uma indicação do Governo chinês, através de uma declaração do porta-voz do seu Ministério do Comércio", de que o país "está a estudar o assunto", não tendo sido apresentada à CE qualquer proposta estruturada, a ser analisada.
No sábado, um porta-voz do Ministério do Comércio da China, insistiu na necessidade do controlo à exportação de terras raras, mas sublinhou que o país atribui "grande importância" às "preocupações europeias" nesta matéria e está disposto a estabelecer um "canal verde" para os pedidos de exportação que cumpram os requisitos, a fim de acelerar a sua aprovação.
O representante falava na sequência de uma reunião, na terça-feira anterior, entre o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, e o comissário europeu do Comércio, Maros Sefkovic.
"O ministro Wang expressou a sua esperança de que a parte europeia também haja reciprocidade, adotando medidas eficazes para facilitar, proteger e promover o comércio legal de produtos de alta tecnologia com a China", afirmou o porta-voz.
Desde 02 de abril, no âmbito da escalada tarifária com os Estados Unidos, Pequim impôs um novo regime de licenças que obriga as empresas estrangeiras a solicitar autorizações para exportar os minerais mencionados (samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio), alegando motivos de segurança nacional.
Os controlos são especialmente prejudiciais para os setores que mais precisam desses materiais, porque a China concentra cerca de 49% das reservas mundiais e processou 99% das terras raras pesadas utilizadas em 2024.
No sábado, o diretor da Associação Federal da Indústria Alemã (BDI), Wolfgang Niedermark, alertou que, caso se mantenham, as restrições poderão levar a uma situação semelhante à crise energética de 2022, desencadeada pela interrupção do fornecimento de gás natural russo, e até levar a paralisações na produção.
Os setores mais afetados são os da indústria automóvel, da maquinaria e tecnologias energéticas e da defesa.
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