Ensino à distância potencia abandono. TdC pede mais controlo
Não é possível conhecer, em Portugal, os reais números do abandono escolar, alerta o Tribunal de Contas. Num contexto de pandemia, em que é expectável que mais jovens saiam do sistema antes do tempo, é preciso mais monitorização e direcionar de forma adequada os financiamentos.
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O país não dispõe de um sistema central de monitorização do abandono escolar e não é possível conhecer os reais números desta realidade, "frustrando quer a implementação eficiente das medidas preventivas e de recuperação dos alunos em abandono ou em risco de abandono, quer o direcionamento adequado do financiamento". A situação é tanto mais preocupante quanto, em tempos de pandemia, e apesar das medidas adotadas para continuar com aulas, o facto de estas terem sido dadas à distância, "é previsível que o insucesso e o abandono aumente, sobretudo no seio dos alunos mais vulneráveis e já em risco", nomeadamente os que têm maiores dificuldades socioeconómicas, migrantes, minorias étnicas ou alunos com necessidades educativas especiais. Esta é uma das principais conclusões de uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC) ao Abandono Escolar Precoce, de acordo com a qual, se é certo que, nos últimos anos, se registam "francos progressos na redução do Abandono", é também uma realidade que "é necessário conhecer a sua real dimensão para melhor o combater", até porque, nesta matéria, o país está em 21.º lugar entre os 28 países da União Europeia". Ora, a informação que o Governo tem, é claramente insuficiente e deficitária, aponta o TdC. A auditoria teve por objetivo "apreciar a fiabilidade e eficácia do sistema de recolha de dados e de monitorização das situações de Abandono", bem como "a eficácia da articulação das medidas adotadas para o seu combate". Por um lado, os auditores destacam que o indicador internacional do Abandono aplicado pelo INE (a Taxa de Abandono Escolar Precoce) evoluiu em Portugal de 50%, em 1992, para 10,6%, em 2019 (já muito próximo da meta de 10%). No entanto, levantam dúvidas sobre se este indicador espelha de facto a realidade do país.
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