Greve: Carneiro pede que Governo "deixe de estar cheio de si próprio" e oiça os trabalhadores
Sobre o pacote laboral, o líder do PS considerou que "nada fazia crer que o Governo fosse tão longe com a disrupção em direitos fundamentais dos trabalhadores".
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O secretário-geral do PS aconselhou esta sexta-feira o Governo a ter humildade, a "deixar de estar cheio de si próprio" e a ouvir os trabalhadores, assumindo estar disponível para um amplo debate nacional sobre as alterações laborais.
"Ouvi hoje a notícia de que o Governo pretendia voltar a reunir com a UGT e a UGT terá respondido que pretendia voltar à mesa das negociações. O mais importante a dizer ao Governo é: o Governo tem de ter humildade, tem de deixar de estar cheio de si próprio e tem de ser capaz de ouvir os representantes dos trabalhadores", defendeu José Luís Carneiro, em declarações aos jornalistas, em Baião, distrito do Porto, num jantar de Natal com apoiantes.
Sobre o pacote laboral, o líder do PS considerou que "nada fazia crer que o Governo fosse tão longe com a disrupção em direitos fundamentais dos trabalhadores".
"Nomeadamente, no modo como procurou lançar os jovens do nosso país na precariedade, o modo como estava a procurar criar vulnerabilidades acrescidas aos trabalhadores que hoje são mais vulneráveis no mercado laboral, como acontece com as domésticas, com os trabalhadores da agricultura, da construção civil, mas também o modo como procurou abrir as portas ao despedimento sem justa causa", exemplificou o secretário-geral do PS.
Nesse sentido, aconselhou o Governo liderado por Luís Montenegro a ter humildade, a deixar de estar cheio de si próprio, e que seja sensível aos "argumentos daqueles que representam democrática e legitimamente os interesses legítimos dos trabalhadores".
Questionado sobre a forma como o Governo avaliou a adesão e o impacto da greve geral de quinta-feira, considerando-a "inexpressiva", José Luís Carneiro entende que esta postura é própria de um Governo que, "estando cheio de si próprio, não consegue ouvir aquilo que os portugueses, mais de três milhões de trabalhadores, lhe transmitiram naquele dia".
"Querer negar uma realidade objetiva que parou setores vitais, quer da economia pública quer da economia privada, mostra a altivez, a arrogância, a insensibilidade de um Governo a quem eu, volto a dizer, aconselho humildade, simplicidade na forma como se relaciona com os partidos da oposição e também com os representantes dos trabalhadores, porque, caso contrário, está a ir pelo mau caminho", avisou o líder do PS.
Quanto ao pacote laboral proposto pelo Governo, José Luís Carneiro reiterou que há "matérias inultrapassáveis" que terão sempre a oposição firme do PS, acrescentando que o "Governo não pode querer negociar dizendo que quer manter as traves mestras" do documento.
"Quais são as traves mestras? Entre outras, o despedimento sem justa causa, o aumento dos contratos a prazo e o [seu] aumento de dois para três anos e de três para quatro anos, deixar de penalizar o trabalho informal, não declarado, no fundo estimulando a economia informal, e também a forma como ofende as mulheres e as famílias na compatibilização da vida pessoal com a vida profissional. São matérias inultrapassáveis que terão a nossa oposição firme, em todos os momentos. Tem mesmo de voltar à estaca zero", salientou o secretário-geral do PS.
Admitindo que a economia mundial enfrenta alterações significativas com a tecnologia e a Inteligência Artificial, José Luís Carneiro assume que o PS está disponível para "um amplo debate nacional" com as forças que estão na concertação social, representantes dos trabalhadores e das empresas, para, em conjunto verem como é que se pode enfrentar os novos desafios, deixando uma garantia.
"Nunca estaremos disponíveis para fragilizar os direitos dos trabalhadores e para atacar alicerces que são alicerces civilizacionais, feitos por um Governo que, em momento algum, nem na campanha eleitoral nem no programa eleitoral, contrariamente ao que foi dito, trouxe essas matérias para a discussão com a sociedade portuguesa", afirmou José Luís Carneiro.
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