Merkel: "Eurobonds" retiram incentivo à disciplina orçamental
Pela enésima vez, a chanceler alemã disse hoje que a emissão de dívida conjunta não é solução para os problemas que afectam a Zona Euro.
Num discurso proferido em Magdeburgo, capital da Saxónia-Anhalt, a chanceler considerou que as "eurobonds" retirariam o incentivo à consolidação orçamental e às reformas estruturais de que muitos países europeus necessitam.
A chanceler contestou ainda os que apresentam as obrigações europeias como a saída para uma crise que, insistiu, não se resolve num "passo de mágica", mas mediante um processo necessariamente gradual – e individual – de estabilização financeira e de recuperação de competitividade por parte das economias europeias.
Citada pela agência Bloomberg, Merkel repetiu, também pela enésima vez, que o euro veio para ficar e que a união não se desmembrará para trazer de regresso as moedas nacionais.
A emissão de dívida conjunta pelos países do euro teria a vantagem de fazer descer os custos de financiamento para os países que se encontram mais pressionados pelos mercados, evitando o risco de uma Espanha ou Itália se verem confrontadas com taxas de juro proibitivas que as forcem a pedir ajuda externa, à semelhança do que sucedeu à Grécia, Irlanda e Portugal. Entre os seus mais acérrimos defensores está o ministro italiano das Finanças, Gulio Tremonti.
Em contrapartida, porém, países como a Alemanha ou a França passariam a pagar mais para se endividarem. No seio da CDU de Merkel, a recusa dos "eurobonds" é relativamente consensual. Já os sociais-democratas, SPD, na oposição, têm mostrado grande abertura.
A chanceler, por seu turno, tem tentado ficar a meio caminho: emissão conjunta de dívida não resolve problema algum nem faz sentido nesta fase, mas poderá ser equacionada quando existir uma maior integração política na Zona Euro.
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