Montenegro nega ser intransigente e espera "normalidade possível" no dia da greve geral
"O Governo governa e, portanto, tem as suas opções e tem direito a defendê-las e executá-las", afirmou o primeiro-ministro.
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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recusou esta quarta-feira que o Governo seja intransigente, após questionado sobre a greve geral convocada para quinta-feira, dia em que espera que o país funcione "com a normalidade possível".
"É mesmo mentira que o Governo seja intransigente no que quer que seja. O Governo não é nada intransigente. O Governo respeita o direito à greve. O Governo governa e, portanto, tem as suas opções e tem direito a defendê-las e executá-las. E concerta-as com os parceiros sociais, com os partidos políticos na Assembleia da República e, sobretudo, concerta-as com o povo português", disse Luís Montenegro.
Em declarações aos jornalistas, à margem de uma cerimónia dedicada à atribuição de equipamento de prevenção de incêndios rurais e gestão florestal que decorreu em Baião, no distrito do Porto, Montenegro disse não querer falar mais que sobre a greve geral marcada para quinta-feira, garantindo apenas que não houve falta de diálogo.
"O Governo tem sido um governo de diálogo, um governo de concertação. Mas é um governo que tem um espírito reformista e transformador e não vai desistir de ser reformista e transformador", referiu.
"Espero que o país funcione com a normalidade possível face a uma greve geral no dia de amanhã. Que todos aqueles que querem trabalhar possam trabalhar, que todos aqueles que têm outras tarefas para realizar, sejam os alunos que querem ir para a escola a aprender, os portugueses que têm cuidados de saúde e tratamentos agendados que os possam realizar, aqueles que têm outras interações com a administração, aqueles que têm todas as suas vidas profissionais e sociais organizadas, as possam realizar, porque os direitos de uns não devem obstar e obstaculizar os direitos dos outros", disse Luís Montenegro.
Recusando falar mais sobre esta greve geral, o primeiro-ministro frisou a convicção de que Portugal é um país "onde há estabilidade política, estabilidade económica e financeira", algo que, disse, "aliás é não só sentida no dia a dia das famílias e dos portugueses, como é reconhecida a nível internacional".
"Nós somos um país onde, tradicionalmente, independentemente das nossas divergências, nos respeitamos. Não vale a pena andar com esse jogo, uma sondagem aqui ou amanhã vamos andar seguramente com números aqui ou lá. Portugal é um país onde os rendimentos estão a crescer, onde os jovens têm mais oportunidades hoje do que tinham há uns anos, onde as perspetivas de investimento são elevadas, onde a credibilidade e a reputação são elevadas", disse.
Considerando que Portugal está "no topo da Europa e do mundo", algo que afirma, descreve, "com tranquilidade, não com soberba, nem com euforia", o primeiro-ministro insistiu na ideia de que "Portugal é hoje um país com uma elevadíssima reputação e credibilidade na Europa e no mundo e deve aproveitá-la".
"Sou o primeiro-ministro com o objetivo e uma vontade inquebrantável de deixar o país melhor do que aquilo que encontrei. Não vou desistir de ter um país com a ambição de estar na frente, de estar na vanguarda da Europa e de lutar por aquilo em que acredito para que isso possa ser possível", concluiu.
A greve geral de quinta-feira contra o anteprojeto do Governo de reforma da legislação laboral será a primeira paralisação a juntar as duas centrais sindicais, CGTP e UGT, desde junho de 2013, altura em que Portugal estava sob intervenção da 'troika'.
As alterações previstas na proposta do Governo de reforma da legislação laboral visam várias áreas, como a parentalidade, despedimentos, alargamento dos prazos dos contratos e setores que passam a estar abrangidos por serviços mínimos em caso de greve.
A paralisação pode afetar vários setores da saúde aos transportes, educação, comunicação social, recolha de resíduos e repartições públicas, e entre outros.
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