Países sabem agora mais sobre impactos e investem em "desenvolvimento limpo"
Os países sabem agora mais acerca do clima e dos seus impactos e investem no "desenvolvimento limpo", mas ainda falta um acordo de redução de emissões para continuar Quioto, uma falha que Cancún não deverá resolver, afirmou Filipe Duarte Santos.
O objectivo é reduzir as emissões de gases com efeito de estufa de modo a parar a subida da temperatura média do planeta e evitar as consequências climáticas, como a maior frequência de fenómenos extremos, de chuvas ou secas.
Depois de Copenhaga, "temos um conhecimento muito mais detalhado e fiável sobre como está a evoluir o clima da Terra e quais os impactos futuros dessa evolução, bastante influenciada por determinadas actividades humanas", apesar de continuarem as incertezas, realçou.
Segundo Duarte Santos, são muitos os exemplos de governos e de entidades do sector privado que investem mais em energias renováveis, em sistemas energéticos mais eficientes, mas também no combate à desflorestação.
"O investimento no mecanismo de desenvolvimento limpo, um dos mecanismos resultante do Protocolo de Quioto, é muito grande em todo o mundo", acrescentou.
Uma das principais dificuldades dos países é a "questão da verificação do cumprimento dos compromissos da redução das emissões" de gases com efeito de estufa, aspecto em que a China tem sido "muito relutante em abrir as portas a uma verificação".
Em Cancún, "penso que é possível [obter consensos] na parte do financiamento [da adaptação] e das florestas", mas, quanto ao controlo das emissões, "é bastante difícil avançar porque não existe um acordo suficientemente forte neste assunto no que respeita às economias mais importantes do mundo, os EUA, a China e o Japão", resumiu o especialista em alterações climáticas.
Para Duarte Santos, "é muito importante manter estas reuniões", pois são da Convenção Quadro das Nações Unidas para as alterações climáticas, ratificada por praticamente todos os países do mundo, embora não estabeleça obrigatoriedade de redução das emissões, o que foi feito no Protocolo de Quioto.
"Poderão ter avanço as questões de como travar a desflorestação", uma área importante, já que a destruição das florestas corresponde a emissões de cerca de 20% das emissões globais do dióxido de carbono.
A evolução esperada relativamente à ajuda aos países em desenvolvimento significaria "pôr em prática aquilo que já foi acordado no ano passado", o financiamento de 23 mil milhões de euros entre 2010 e 2012 e de 75 mil milhões de euros por ano a partir de 2020.
O que foi decidido em Copenhaga não foi ainda posto em prática nem está decidido quem vai gerir o fundo respeitante àqueles montantes e quais os critérios a seguir, realçou Duarte Santos.
O especialista apontou ainda a criação de "um mecanismo para facilitar o acesso dos países pobres a tecnologias para redução das emissões", energias renováveis ou processos industriais mais eficientes.
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