No final do ano passado Portugal registava 1.546.521 cidadãos estrangeiros, um número que "quase quadruplica o total de 421.785 cidadãos estrangeiros registado no final de 2017". O balanço é da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) que divulgou esta terça-feira um relatório intercalar sobre processos pendentes e população estrangeira no país. 

Para o Governo, estes números comprovam que "a imigração estava mesmo descontrolada" e o relatório mostra, também, que as medidas entretanto tomadas estão a produzir efeito. "Ficou confirmado que, há um ano, o número de imigrantes era muito maior do que havia sido dito", destacou António Leitão Amaro, ministro da Presidência, numa conferência de imprensa convocada para apresentar os novos números da AIMA. 

O número agora conhecido deverá ser "corrigido em alta" quando for concluído o tratamento dos pedidos de regularização ao abrigo do regime transitório atualmente em vgor. A AIMA estima que serão, então, mais 50 mil pessoas, as quais já se encontravam em território nacional antes de 3 de junho de 2024 - quando terminaram as chamadas manifestações de interesse, e já apresentaram pedido ao abrigo do novo regime transitório.

"Estima-se que, com esta revisão, o número de estrangeiros em Portugal em 2024 seja de cerca de 1.600.000", lê-se no relatório. Com o fim da chamada "manifestação de interesse" e a entrada em vigor do regime transitório, em junho de 2024, "verificou-se uma redução de 59% do fluxo de entradas de cidadãos estrangeiros em Portugal que tinham em vista a obtenção de uma autorização de residência", contabiliza a AIMA. 

Refira-se ainda que, na sequência do trabalho realizado pela Estrutura de Missão para a Recuperação de Processos Pendentes na AIMA, foi realizada uma correção estatística ao  número de estrangeiros em Portugal nos anos anteriores, o que levou a uma revisão em alta "de 1.044.606 para 1.293.463 em 2023, o que representa um aumento de 248.857 face ao número apresentado no Relatório de Migrações e Asilo relativo a 2023", esclarece ainda o relatório.

O número de imigrantes passou "de 4% para 15% da totalidade da população" desde o final de 2017, sublinhou Leitão Amaro, que salientou, no entanto, que "este aumento não foi acompanhado por um aumento generalizado da criminalidade". é, no entanto, "consistente com a evolução de outros dados estatísticos, desde os descontos para a Segurança Social - um milhão em 2024 - aos utentes dos serviços de saúde, que aumentou de 326 mil para 1,4 milhões no mesmo período, disse Leitão Amaro. 

 

O aumento da imigração, com a "política de portas abertas", foi uma irresponsabilidade que gerou uma grande desumanidade". "O que fizemnos foi acabar com a imigração descontrolada e passar para uma inigração regulada e com humanismo", defendeu o ministro. 

E assim, "estamos a mostrar que "é possivel ser firme, mas ser moderado, é possivel ter regras, mas respeitar os seres humanos, as respostas à imigração não têm de ser apenas as portas escancaradas ou aqueles que cultivam o ódio ao outro, a intolerância, em alguns casos a xenofobia", rematou.

(notícia atualizada com declarações de António Leitão Amaro)