Portugal tem saldo comercial positivo pela segunda vez
Queda mais significativa das importações cria novo excedente.
O primeiro trimestre de 2013 trouxe também um novo excedente comercial para a economia portuguesa, devido a um aprofundamento da queda das importações. Os números do INE apontam para que as exportações tenham superado as importações. Esta é apenas a segunda vez que Portugal regista um excedente comercial desde que o INE começou esta série, em 1996.
Nos primeiros três meses do ano, Portugal exportou 14.651 milhões de euros e importou 14.195 milhões. Este excedente de 456 milhões de euros é apenas o segundo em mais de 17 anos. Nesse período observou-se apenas outro no segundo trimestre de 2012. Numa perspectiva anual, Portugal não tem um superavit da balança comercial desde 1943, segundo os dados do Banco de Portugal. Em 1941 e 1942, durante a II Guerra Mundial, a economia nacional beneficiou de excedentes comerciais, principalmente devido ao aumento significativo da venda de volfrâmio.
No primeiro trimestre de 2013, o contributo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB aumentou de 0,8 para 2,3 pontos percentuais "traduzindo sobretudo a diminuição mais intensa das importações", refere o INE.
Ao Massa Monetária, blogue do Negócios, José Miguel Moreira, do Departamentos de Estudos de Montepio, refere que "a forte quedas das importações" continuam "muito condicionadas pela bastante fraca dinâmica interna da economia". O facto de o excedente comercial se justificar principalmente pela queda das importações tem levantado pontos de interrogação em relação à sustentabilidade do ajustamento externo. Alguns economistas têm questionado se, quando o investimento e o consumo recuperarem, se pode assistir a um aumento das importações, prejudicando o saldo comercial. Por outro lado, troika e governo acreditam que seja possível uma substituição das importações por produção nacional.
As importações de bens e serviços registaram uma queda homóloga de 6% (-2,3% no trimestre anterior), enquanto as exportações avançaram 0,1% (-0,2% no final de 2012). No que diz respeito às entradas, bens e serviços tiveram contracções semelhantes, com -6% e -5,8%, respectivamente.
Quanto às saídas, o resultado "foi determinado pelo comportamento da componente de serviços que passou de uma queda de 1,4% no último trimestre de 2012 para um aumento de 1,2%", explica o INE. As exportações de bens "diminuíram 0,3% no primeiro trimestre de 2013, depois de um aumento de 0,3% no trimestre anterior".
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