"Não é justo" o "rating" dado à Turquia
Ministro do Comércio Externo da Turquia critica agências
"As agências dão melhor 'rating' a países que multiplicaram a dívida oito vezes" do que à Turquia. O ministro do Comércio Externo turco, Zafer Çaglyan , demonstrou assim a frustração do governo de Ankara face à avaliação que está a ser feita do país, que poderá vir a integrar as 10 maiores economias do mundo.
"O nosso 'rating' devia ser melhor", adianta o responsável turco, numa crítica que atinge também implicitamente a Europa, que desde 2005 tem colocado vários entraves à entrada do país na União Europeia. "O nosso défice está nos 3,6%, quando muitos países europeus atingem os dois dígitos", realça o governante. Zafer Çaglyan salientou o "apoio" de Portugal no processo de adesão do país à União Europeia (UE). O governante recordou ainda que o país cresceu 9% no ano passado.
A questão da adesão à UE acaba por estar por trás de muita da diplomacia e política económica da Turquia. Em entrevista ao Negócios, o governante disse: "apesar de todos os obstáculos políticos colocados pela UE, continuamos empenhados em progredir no nosso processo de negociação". Segundo o ministro, "em anos recentes, a Turquia levou a cabo reformas políticas e económicas para o processo da UE e levou a cabo um processo de transformação alargado".
Zafer Çaglyan afirmou, na mesma entrevista, que espera que a "UE conceda o dinamismo necessário ao processo de negociações. As empresas terão grandes vantagens se a Turquia pertencer à UE". O responsável, bem como outros que ontem estiveram na "Business Roundtable Turquia", adiantou que há vantagens para os empresários em investir no país e frisou que "não se podiam atrasar". Segundo o co-presidente do Gabinete de Relações Económicas Turquia-Portugal, os políticos do país "querem mais empresas portuguesas na Turquia".
Uma política fiscal com incentivos às empresas e facilidades de adquirir imóveis no país, são algumas das vantagens que os responsáveis turcos trouxeram a Portugal.
Na mesma entrevista, o ministro do Comércio Externo afirmou que "com a adesão [à UE], a Turquia irá assegurar a sua posição e ser uma área económica de investimento mais atraente, especialmente para investidores europeus que sentiram os efeitos da crise global".
Zafer Çaglyan salientou que "para aproveitarem as oportunidades que a Turquia oferece, cada vez mais investidores estrangeiros estão a chegar ao país a cada ano. E depois da nossa adesão este número irá aumentar".
O país tem tratados de comércio com vários países africanos e do Médio Oriente, sendo que os responsáveis da Turquia se referem muitas vezes à localização geoestratégica do país como sendo uma dos elementos que fazem da Turquia uma região privilegiada. "Estamos no centro do mundo" disse Yasemen Korukçu, da Agência Turca de Promoção do Investimento, que foi criada apenas em 2006 mas já está entre as maiores do mundo.
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