As restrições impostas à concessão de crédito à habitação e a recessão económica quase paralisaram o mercado imobiliário. A queda no valor dos imóveis nos últimos três anos chega aos 20% e 40%, sendo mais forte nas periferias das grandes cidades. Mas será que a desvalorização foi estancada?

"Ainda que possamos dizer que este é um movimento forte e devemos estar mais próximos de ‘bater no fundo’, temos imóveis onde é possível perceber razões para que os preços estagnem ou desçam ainda bastante mais, e há outros, que por razões muito especificas, podemos mesmo esperar alguma valorização a curto ou médio prazo", considera Luís Rocha, director de investimento da consultora Cushman & Wakefield.

"O ajuste de mercado está a sentir-se e julgamos que não estamos longe do limite mínimo do valor de capital", diz a consultora imobiliária Jones Lang LaSalle.

Roberto Varandas, responsável pelo desenvolvimento da área de imobiliário da Aberdeen, considera que "Portugal está a ir no bom caminho, mas vai ser preciso esperar algum tempo pelo ponto de inflexão". Apesar das incógnitas que persistem, acredita que "vão existir boas oportunidades para quem quer investir, tanto numa perspectiva de capital, como de rendimento [recebimento de rendas]".

Uma opinião que é unânime entre os especialistas contactados. Luís Rocha vê "oportunidades de investimento extremamente interessantes nos centros das cidades, quer em termos de retorno imediato quer em termos de valorização". Mas alerta que " é preciso escrutinar com prudência e critério".

A Jones Lang LaSalle salienta que, face ao aumento de preços nos mercados tradicionais, há cada vez mais investidores que começam a identificar oportunidades noutras paragens. "Em 2012 veremos investidores internacionais em busca de oportunidades em mercados que tenham verificado um ajuste importante nos preços e que ofereçam rendibilidades muito mais altas. Neste âmbito, Portugal situa-se na primeira linha e oferece excelentes negócios com baixo risco e rentabilidades muito atractivas.

A consultora imobiliária reconhece que o mercado continua difícil para quem tem de recorrer a dívida, mas "oferece grandes oportunidades aos investidores que podem comprar com ‘cash’". Na habitação a aposta vai para "nichos de mercado nos segmentos de habitação para arrendamento".

O director de investimento da Cushman & Wakefield realça que o "Novo Regime do Arrendamento Urbano e as alterações agora propostas trazem potencialmente boas notícias" para quem pretenda investir neste mercado.

ONDE ESTÃO AS OPORTUNIDADES

Luís Rocha Antunes, director de investimento da consultora Cushman & Wakefield, diz que as melhores oportunidades estão nos centros das cidades, sobretudo em zonas onde existe uma oferta de qualidade de vida boa, com acesso a transportes públicos, com bom ambiente urbano e forte pressão demográfica. O especialista recomenda "apartamentos para arrendamento com rendas defensivas [não muito elevadas] e projectos de reabilitação urbana modelados para o arrendamento, mais do que a venda a particulares".