Portugal perdeu 162 mil empregos com negócios da China
A ascensão da China a principal exportador mundial teve "efeitos negativos significativos, tanto em termos de empregos como salários em Portugal", conclui um estudo que analisou o impacto das exportações chinesas no emprego nacional, entre 1993 e 2008, revela a edição deste sábado do "Expresso"
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Portugal foi claramente um dos perdedores da globalização chinesa, "não em termos de concorrência directa (importações de produtos chineses para Portugal), mas em termos de concorrência indirecta, ou seja, pela substituição da exportação de produtos portugueses por produtos chineses em países como a Alemanha, França e outros", explica o estudo, liderado pelo economista Pedro S. Martins, ex-secretário de Estado do Emprego do Governo de Pedro passos Coelho e actual professor da Queen Mary University (Londres), e por Sónia Cabral, economista do Banco de Portugal, bem como por João Pereira dos Santos e Mariana Tavares.
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De acordo com as contas dos autores do estudo, "os trabalhadores em indústrias mais exportas a este efeito indirecto viram os seus salários baixar em cerca de 25% e a probabilidade de emprego em cerca de 17%, quando comparados com trabalhadores semelhantes em indústrias menos expostas à competição chinesa em mercados internacionais".
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Foram os casos dos têxteis e calçado portugueses, os quais, com base no estudo e em dados fornecidos pelas associações destes sectores ao "Expresso", terão perdido cerca de 162 mil postos de trabalho naquele período de 15 anos.
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Mas foi também a ameaça da China que provocou em ambos os sectores uma espécie de "gripo de Ipiranga", que os fez catapultar na cadeia de valor.
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O sector têxtil, que chegou a empregar 280 mil pessoas em Portugal, hoje tem cerca de 137 mil e está em excelente forma - desde 2009, o seu volume de negócios aumentou 40% e as exportações cresceram 50%, para um valor recorde superior a cinco mil milhões de euros.
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Já a indústria portuguesa de calçado, que empregava 59 mil pessoas em 1994, produzia 109 milhões de pares de sapatos e registava uma facturação de 1,6 mil milhões de euros, no ano passado, com menos 40% de trabalhadores e 20% de pares produzidos, a facturação aumentou 25% e o preço médio por par na exportação triplicou, sendo o segundo mais caro do mundo, só superado pelo da Itália.
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