Bruxelas aguarda esta semana posição final dos EUA sobre tarifas nos carros e isenções a bens industriais
A Comissão Europeia está à espera que a Casa Branca emita, ainda esta semana, novas ordens executivas para formalizar a redução das tarifas norte-americanas sobre automóveis europeus e conceder isenções a certos bens industriais, como peças para aviação. A expectativa de Bruxelas é que estas medidas detalhem o acordo político alcançado no mês passado entre Donald Trump e Ursula von der Leyen.
Segundo fontes próximas das negociações, citadas pela Bloomberg, as ordens executivas que poderão ser anunciadas nos próximos dias incluirão a revisão em baixa da tarifa automóvel aplicada pela administração norte-americana às importações da União Europeia (UE), atualmente nos 27,5%, com 25% atribuídos às chamadas medidas da “Section 232”. O objetivo é que esta taxa seja fixada nos 15%, valor que passou a funcionar como novo tecto tarifário para o bloco europeu, de acordo com um decreto assinado por Trump na semana passada.
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Apesar desta nova ordem executiva já ter definido a taxa de 15% como base para o tratamento recíproco da UE, o texto publicado não esclareceu quais os produtos que beneficiarão de isenções, nem como se aplicarão as tarifas setoriais prometidas. A Comissão Europeia, citada pela Reuters, aponta que os compromissos anunciados por Trump não foram ainda refletidos juridicamente, nomeadamente a redução da tarifa sobre automóveis e a implementação de regimes “zero-for-zero” para setores como a aviação.
Os responsáveis europeus esperam que a nova ronda de diretivas de Washington confirme estas exclusões e detalhem outras potenciais isenções, nomeadamente para bens farmacêuticos genéricos, bebidas espirituosas e semicondutores. As negociações em curso incluem ainda uma tentativa da UE de assegurar cotas de exportação para aço e alumínio a tarifas mais baixas do que os 50% atualmente em vigor.
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As incertezas em torno da concretização do acordo têm deixado Bruxelas em alerta. Fontes ouvidas pela Bloomberg sublinham que, caso Washington falhe nos compromissos assumidos, alguns estados-membros poderão exigir retaliação. Para esse cenário, a UE já tem preparadas contramedidas que cobrem cerca de 100 mil milhões de euros em bens norte-americanos.
O momento em que se discutem estas tarifas coincide com um impacto já mensurável nas contas das grandes fabricantes de automóveis. Só no primeiro semestre deste ano, os efeitos das tarifas impostas por Donald Trump traduziram-se em perdas estimadas de 4.635 milhões de euros para o setor.
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