Eleições à vista na Turquia afundam bolsa e lira turca
No próximo dia 25 de Outubro poderão realizar-se novas eleições legislativas na Turquia, anunciou na última quarta-feira, 19 de Agosto, o primeiro-ministro em funções, Ahmet Davutoglu. O cenário parece ter sido confirmado pelo próprio presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ao proclamar que "estamos a caminhar rapidamente para novas eleições".
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Perante o crescendo de incerteza política, a bolsa turca e a divisa do país estão em forte baixa esta quinta-feira, 20 de Agosto. Esta manhã, a bolsa turca chegou a recuar mais de 2%, enquanto a lira turca já esteve a ceder 2,7% face ao dólar, tendo mesmo sido transaccionada pela primeira vez acima dos 3 dólares norte-americanos.
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Na quinta-feira da semana passada a lira turca atingiu mínimos históricos ao perder 1,8% para os 2,82 dólares quando o primeiro-ministro já se referia a novas eleições como "a única opção" tendo em conta que desde as eleições de 7 de Junho não havia ainda sido possível formar um Governo suportado por uma maioria parlamentar.
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Na terça-feira, Davutoglu entregou ao seu companheiro de partido (o presidente Erdogan) o mandato que lhe fora atribuído no seguimento da primeira vitória sem maioria absoluta do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) desde 2002.
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A tensão e a convulsão na sociedade turca devem-se também ao retomar do conflito entre as autoridades centrais da Turquia e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), força política que Ancara, mas também Washington, continuam a classificar de organização terrorista.
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Ainda esta quarta-feira, oito militares turcos foram mortos na sequência de um atentado à bomba na província de Siirt, no sudeste do país. Ancara não perdeu tempo a acusar o PKK da responsabilidade pelo atentado. Com poucas horas de diferença, outro incidente ocorreu no coração de Istambul, com uma troca de tiros a ser registada junto ao Palácio de Dolmabahce. Apesar de não terem sido registadas vítimas, foram presas duas pessoas.
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Há poucas semanas, Erdogan proclamou o início de uma "luta indiscriminada contra o terrorismo", que segundo a perspectiva de Ancara deve desenrolar-se em duas frentes: contra o Estado Islãmico (EI); e contra as forças armadas curdas, designadamente o PKK. Este ataque ao PKK incorpora uma retórica anti-curda que está a penalizar o HDP, partido que apesar da sua génese pró-curda aquando da formação no Verão de 2012, se transformou numa força política pós-curda e de âmbito nacional, assumindo a defesa do fim das discriminações religiosas e étnicas elementos-chave da sua acção política.
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O HDP foi o principal responsável pela perda de maioria do AKP nas eleições de Junho. Sem uma clara maioria parlamentar, Erdogan ficou assim impossibilitado de proceder a uma reforma constitucional que permitisse avançar com os seus intentos de presidencialização do regime. O conflito reaberto entre curdos e as autoridades centrais de Ancara têm contribuído para a perda de popularidade do HDP, algo que Erdogan vê com bons olhos tendo em conta as já quase certas eleições antecipadas.
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