Macron tenta evitar novas eleições. Juros da dívida francesa aliviam
O Presidente francês, Emmanuel Macron, está determinado a não convocar eleições antecipadas caso o primeiro-ministro François Bayrou seja derrubado no voto de confiança agendado para a próxima segunda-feira, dia 8 de setembro. Segundo avançou a Bloomberg, citando fontes próximas das discussões, a prioridade do chefe de Estado será encontrar uma solução dentro da Assembleia Nacional, evitando repetir o cenário de dissolução do parlamento que deixou o país fragmentado no último ano.
A França mergulhou numa nova crise política desde que Bayrou decidiu sujeitar-se a uma moção de confiança para tentar desbloquear o impasse em torno dos cortes orçamentais. Porém, os principais partidos já anunciaram que votarão contra o executivo, tornando a sua queda praticamente inevitável. Enquanto a extrema-direita exige a renúncia imediata de Macron ou a convocação de novas legislativas, o presidente descarta ambas as hipóteses, pelo menos para já.
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De acordo com a Bloomberg, Macron admite trabalhar num acordo parlamentar que permita a nomeação de um novo primeiro-ministro capaz de preservar a coesão centrista e, em simultâneo, aproximar-se dos socialistas para garantir aprovação legislativa. O presidente considera que a dissolução da câmara baixa tenderia a reproduzir os mesmos bloqueios, razão pela qual mantém essa opção apenas como último recurso. Recorde-se que a utilização deste poder constitucional é rara em França, tendo ocorrido apenas seis vezes nas últimas seis décadas.
A instabilidade política coincide com tensões acrescidas nas contas públicas. O ministro da Economia e das Finanças, Éric Lombard, já admitiu que a revisão do orçamento será “inevitável” se o governo cair. Em entrevista citada pelo Financial Times, Lombard reconheceu que qualquer novo executivo terá de negociar com os socialistas, cujo apoio é essencial para aprovar medidas orçamentais. O governante frisou que um acordo será necessário, ainda que discorde do plano alternativo da esquerda, que defende cortes mais modestos e a introdução de um imposto de 2% sobre fortunas superiores a 100 milhões de euros. A 12 de setembro, a Fitch deverá rever o rating de França, atualmente em AA-, aumentando a pressão sobre Paris.
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A incerteza já se reflete nos mercados financeiros. Em Paris, o CAC-40 recua 0,25% para 7.700,66 pontos, penalizado pelo aumento da perceção de risco em torno do país. No mercado obrigacionista, os juros da dívida francesa a 10 anos caem para 3,488%, uma descida de 5,1 pontos-base face à sessão anterior, de acordo com dados da Bloomberg. O movimento acompanha o alívio generalizado nas “yields” da Zona Euro, embora os investidores se mantenham atentos ao impacto da instabilidade política na confiança dos mercados.
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