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Bruxelas analisa privilégios fiscais das multinacionais

Bruxelas está a analisar a Irlanda, o Luxemburgo e a Holanda, numa tentativa de perceber se os privilégios fiscais que estes países concedem às multinacionais têm contornos ilegais.

Comissão Europeia Bruxelas
Comissão Europeia Bruxelas Reuters
12 de Setembro de 2013 às 13:29

A Autoridade da Concorrência europeia pediu aos Governos que se expliquem sobre as suas regras fiscais, com detalhes pormenorizados sobre empresas específicas, como a Apple e a Starbucks, noticia o “Financial Times”.

A investigação em curso ameaça criar uma nova frente no ataque global à evasão fiscal, reforçando as regras da União Europeia, que proíbem distorções na concorrência através da redução de impostos a favor do grupos privados.

Este passo é tido como informal, e não indica que a Comissão Europeia tenha identificado alguma conduta errada na Irlanda, Luxemburgo ou Holanda. É um movimento preliminar, que veio criar alguma agitação nos representantes dos países visados.

Se a Comissão encontrar indícios que levantem preocupações, isso poderá fazer com que uma investigação formal seja aberta que force os Estados a recuperar as receitas perdidas, fruto de alguns negócios realizados para proveito das multinacionais. Segundo o porta-voz da Comissão “neste momento, estamos simplesmente a recolher informação fiscal”.

Todos os países envolvidos estão obrigados a combater a evasão fiscal, sendo que as regras dão às empresas o poder de decidirem onde irão ter as suas sedes fiscais.

Recentemente, o senado norte-americano acusou a Irlanda de contribuir para aumentar os lucros da Apple, gerados em todo o mundo. Alegadamente, Dublin permite que a Apple pague 2% ou menos em impostos, quando a taxa normal seria de 12,5%. A Irlanda rejeitou sempre esta acusação.

Entretanto, também o Starbucks está envolvido numa polémica, por, alegadamente, mascarar a sua propriedade intelectual na Holanda, cobrando, depois, pesados “royalties” (direitos) às restantes subsidiárias, o que permite à unidade britânica declarar poucos lucros tributáveis.

Também o Luxemburgo enfrenta críticas, sobre a forma como as suas receitas fiscais são cobradas. As empresas, alegadamente, pagam impostos muito baixos, em vez das elevadas taxas, estipuladas por lei, de 29%.

Numa altura em que a Holanda enfrenta um momento político sensível, o Governo comprometeu-se a ser mais eficiente em relação às regras fiscais, ajudando as autoridades de outros países, especialmente quando as empresas não estão aptas a ter reduções fiscais, ao abrigo de acordos bilaterais.

Ainda esta semana foi publicado um relatório onde se apontava o dedo ao papel da Holanda em relação ao mercado nacional, por exemplo. A forte variação nos valores de Investimento Directo Estrangeiro, motivado pela transferência da sede das maiores empresas nacionais para a Holanda, é apresentada pelas Nações Unidas como um caso "peculiar" no relatório World Investment Report. Uma vez que o IDE é desproporcional.

Este movimento pouco habitual, escreve o relatório, "foi devido ao IDE para a Holanda, que passou de -7,5 mil milhões em 2010, para 8,9 mil milhões em 2011. A relocalização do capital das empresas portuguesas para a Holanda é, provavelmente, a causa deste padrão peculiar de IDE", nota o relatório, que cita o caso da Jerónimo Martins, que opera uma das maiores redes de supermercado em Portugal, mas cuja holding está sedeada na Holanda desde 2011, o mesmo acontecendo "com a maioria, se não todas, as empresas do PSI20".

Num segundo relatório é ainda revelado que as grandes multinacionais portuguesas que criam empresas-fachada na Holanda acabam por conseguir reduzir a sua factura fiscal em Portugal, conclui o estudo do centro de investigação Somo, que dá a EDP como exemplo.

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