O PIB das economias da Zona Euro acelerou no primeiro trimestre do ano, com o Eurostat a dar conta nesta quarta-feira de um crescimento em cadeia de 0,4% no período prévio ao anúncio de tarifas quase universais pelos Estados Unidos, que forçou significativas revisões em baixa nas perspetivas económicas do grupo.

Os dados preliminares - que excluem ainda vários países, incluindo Portugal, com divulgação adiada pelo Instituto Nacional de Estatística devido ao apagão da passada segunda-feira - mostram que a variação em cadeia do PIB da Zona Euro terá acelerado de 0,2% no quarto trimestre do ano passado para os 0,4% de subida agora apurados para o trimestre inicial de 2025.

Já face a igual trimestre do ano passado, a variação do PIB do grupo da moeda única fica em 1,2%, mantendo o ritmo de subida homóloga registado no trimestre anterior.

Os dados agora avançados pelo Eurostat, sujeitos a revisão em próximas leituras, surpreendem as expectativas dos analistas, mas são enquadrados por relativas melhorias nos indicadores avançados de sentimento registadas nos índices de gestores de compras (PMI) dos países do euro durante os meses de janeiro a março. Contudo, essas expectativas surgiram já deterioradas em abril, com o PMI compósito da Zona Euro a recuar perante a incerteza aumentada pela guerra comercial aberta pela Administração de Donald Trump, nos Estados Unidos.

Nos dados ainda incompletos, destacam-se para já recuperações na atividade das duas maiores economias da Zona Euro. Na Alemanha, o início do ano permitiu um avanço de 0,2% no PIB, com a economia germânica a conseguir, para já, afastar-se de mais um período de crescimento negativo (-0,2% no quarto trimestre de 2024). Em França, a economia avançou também 0,1%, superando uma contração de igual dimensão ocorrida na reta final de 2024.

No caso de Itália, terceira maior economia, regista-se também uma ligeira aceleração, de 0,2% para 0,3% de crescimento trimestral.

Já em Espanha, que se tem destacado com perspetivas económicas melhoradas para este ano, verifica-se um abrandamento ligeiro na variação em cadeia do PIB, de 0,7% para 0,6%.

Ainda entre as principais economias, nos Países Baixos, com dados ainda não totalmente ajustados para comparação, o ritmo de crescimento trimestral também recua de 0,3% para 0,1%.

Recorde-se que as expectativas iniciais de uma retoma de ritmo no crescimento da Zona Euro em 2025 - suportadas pela descida de inflação e melhoria de rendimentos das famílias - têm vindo a ser alvo de sucessivas revisões em baixa. Nas últimas previsões de Primavera, neste mês, o Fundo Monetário Internacional previu já arrefecimento para o grupo da moeda única, antecipando uma redução do ritmo de crescimento anual dos 0,9% de 2024 para 0,8% neste ano.