Eurodeputados portugueses confrontam von der Leyen. PSD e PS apoiam, PCP e BE atacam

Ursula von der Leyen esteve durante quatro horas a ser questionada pelos eurodeputados, incluindo portugueses. Paulo Rangel, Marisa Matias, Pedro Marques, João Ferreira e Carlos Zorrinho fizeram intervenções.
Ursula von der Leyen
Reuters
Tiago Varzim 16 de Julho de 2019 às 12:14

Ursula von der Leyen foi questionada no Parlamento Europeu durante esta manhã, antes da votação às 17h (hora de Lisboa) para confirmar ou não a sua nomeação para presidente da Comissão Europeia. Também os eurodeputados do PS e do PSD - que deverão votar a favor da nomeada, assim como o CDS - e os do BE e do PCP - que deverão votar contra, assim como o PAN - tiveram oportunidade de confrontar a candidata. 

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À direita, o vice-presidente do Partido Popular Europeu (PPE), Paulo Rangel, elogiou o discurso "inspirador" da ministra da Defesa alemã, assinalando a sua "visão e ambição europeísta". "Terá com certeza o nosso apoio", garantiu o eurodeputado do PSD. Contudo, não deixou de a criticar, começando pela ausência de comentários sobre o "masterplan" do PPE na luta contra o cancro, uma proposta da candidatura de Manfred Weber, o candidato principal (o "Spitzenkandidat") do PPE que foi rejeitado pelo Conselho Europeu. 

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Grande discurso de Ursula von der Leyen! Inspirado e inspirador! Com ambição, com convicção, com visão política e solidez técnica. Um bom augúrio, um excelente começo. @vonderleyen

Pela mesma linha foi Carlos Zorrinho que questionou von der Leyen sobre que apoio dará à defesa de um QFP "ambicioso". Apesar de admitir que teve "dúvidas" sobre o nível de compromisso da alemã, Zorrinho (chefe da delegação do PS no PE) disse que o discurso de hoje e a carta de ontem foram "bastante mais convincentes", sinalizando que votará a favor, tal como já tinha antecipado António Costa. "É tempo de passarmos à ação", rematou. 

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A última intervenção dos eurodeputados foi a de Pedro Marques, o candidato do PS às eleições europeias que está na calha para ser nomeado comissário europeu pelo Governo português. "O seu compromisso oral e escrito mostra que analisou corretamente o nosso programa e as expectativas dos europeus", começou por sublinhar o socialista, sugerindo também o voto a favor. "Foi bom ver que não hesitou a assumir compromissos", disse, referindo que espera que von der Leyen tenha a "capacidade para ultrapassar os bloqueios no Conselho [Europeu]" em várias matérias. 

Mais à esquerda, a primeira intervenção foi a de João Ferreira (PCP) e de Marisa Matias (BE), ambos do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL), que vai votar contra, criticaram duramente a alemã. O eurodeputado comunista disse que "a nova Europa não vai nascer com esta eleição". Para João Ferreira o nome de von der Leyen é o "consenso do militarismo e das guerras" e "das privatizações e dos lucros das grandes multinacionais". 

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.@vonderleyen, que chegou ao #EPlenary com apoio do PPE e da extrema-direita, veio apresentar aos outros grupos os compromissos que os seus apoiantes sempre rejeitaram e bloquearam. Disse a toda a gente o que achou que queriam ouvir mas a UE precisa de escolhas! #StormUrsula pic.twitter.com/AM9U2RiM8u

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We, the @GreensEFA, are questioning @vonderleyen on the disaster of @Mercosul. A massive corporate deal that is lead by the extremist president of Brazil, Jair Bolsonaro. #mercosul #europe #europan #brazil #Bolsonaro pic.twitter.com/J636G2zvVH

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Francisco Guerreiro, eurodeputado do PAN que está integrado nos Verdes, não interveio na sessão, mas deixou as suas críticas a Ursula von der Leyen no Twitter em linha com o que tem sido dito pelo seu grupo parlamentar. Em específico, Guerreiro assinalou as questões feitas à nomeada sobre o "desastre" do acordo comercial entre a União Europeia e os países do Mercosul anunciado recentemente. "Um grande acordo para as empresas que foi liderado pelo presidente extremista do Brasil, Jair Bolsonaro", escreveu na sua conta.

Esta manhã o atual comissário europeu de Portugal, Carlos Moedas, manifestou o seu apoio à alemã: "A sua história pessoal e europeia é uma inspiração para todos nós", escreveu no Twitter.

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On my way to #Strasbourg where I hope to see the @Europarl_EN support Ursula @vonderleyen for President of the @EU_Commission. Her Personal and European story are an inspiration to us all. CM

No seu discurso final, Ursula von der Leyen terminou o debate desafiando os eurodeputados a consultar as suas orientações políticas e afirmando que "devemos ser corajosos" na União Europeia, garantindo que irá trabalhar para evitar que haja uma divisão entre o norte e o sul ou o este e o oeste. "Eu sou o vosso aliado natural", assegurou aos eurodeputados.

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A votação decorre às 17h (hora de Lisboa) e os resultados deverão ser anunciados às 18h30, sendo que o voto é secreto. Caso Ursula von der Leyen não consiga a aprovação, o Conselho Europeu terá de apresentar um novo nome até 30 dias depois. O próximo executivo comunitário deverá entrar em funções a 1 de novembro.

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