A União Europeia (UE) terá apresentado a Washington uma versão revista para um acordo comercial em que cede nalgumas matérias num esforço de que um acordo transatlântico possa ser alcançado, avança esta quarta-feira a Bloomberg.

A proposta revista inclui cedências aos interesses da Casa Branca em matérias como direitos laborais, padrões ambientais, segurança económica e uma redução gradual das tarifas até zero, de ambas as partes, em produtos agrícolas "não-sensíveis" e bens industriais, segundo fontes próximas do tema citadas pela agência de informação financeira.

Esta proposta, que deverá ter sido enviada a responsáveis da Administração Trump no início desta semana, aponta ainda para investimentos mútuos e compromissos de compra em setores como a energia, inteligência artificial e conetividade digital.

Contactado pela Bloomberg, um porta-voz da Comissão Europeia escusou-se a comentar o dossier.

Ainda que esta proposta possa ser um ponto de partida para a negociação com a Casa Branca, a Comissão precisará de um mandato dos Estados-membros para dar início a um processo formal que possa resultar num acordo.

Muitos responsáveis dos 27 e de vários países da União continuam, no entanto, muito céticos quanto à disponibilidade do Presidente dos EUA, Donald Trump, para um acordo que beneficie ambos os lados. 

Bruxelas tem estado, simultaneamente, a trabalhar em medidas retaliatórias caso não seja alcançado um entendimento. A UE tinha desenhado um plano que elevaria as taxas alfandegárias a impor a bens vindos dos EUA, que representam cerca de 95 mil milhões de euros em produtos, mas adiou, no início deste mês, por 90 dias um conjunto de tarifas retaliatórias contra os Estados Unidos devido às taxas adicionais de 25% que Trump impôes às importações de aço e alumínio oriundas dos 27. A pausa nestas tarifas surgiu após o Presidente norte-americano ter baixado as tarifas impostas à UE de 20% para 10% por um período de 90 dias.

As primeiras reuniões envolvendo responsáveis políticos quer da UE quer dos EUA deverão ocorrer no início de junho, refere a Bloomberg.