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Queda do Governo francês vai "acelerar crise estrutural mais profunda da própria Europa"

António Mendonça, bastonário da Ordem dos Economistas, acredita que "é inevitável que a crise política francesa tenha repercussões bastante grandes".

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12:48

O primeiro-ministro francês enfrenta, esta segunda-feira, a votação à moção de confiança que pode levar à queda do Governo. Se François Bayrou não passar no Parlamento, e uma vez que os centristas e conservadores que o apoiam não têm maioria absoluta, terá de se demitir ao fim de nove meses no cargo e haverá uma nova crise governamental.

Para António Mendonça, bastonário da Ordem dos Economistas, "é inevitável que a crise política francesa tenha repercussões bastante grandes, particularmente no que diz respeito a Portugal, mas acho que os problemas são mais amplos", começa por afirmar em entrevista ao Negócios no NOW.

"O que nós temos neste momento é a expressão política de uma crise de natureza mais profunda, estrutural, que vem acompanhando a sociedade francesa e, em particular, a sua economia, e que se agravou nos últimos tempos. Por sua vez, é importante não desligar a crise francesa da crise mais geral que existe no próprio sistema euro que começou com a grande crise de 2010, que teve uma recaída durante o período da Covid e que, a partir daí, a economia não mais recuperou. A Alemanha, desse ponto de vista, talvez esteja em pior situação porque é uma crise estrutural do próprio sistema económico alemão. França e a Alemanha são as duas principais economias da Zona Euro, enfim, da União Europeia. É natural que isso tudo tenha, depois, reações em cadeia", explica.

O bastonário considera que a crise política vai "potenciar, acelerar todas as manifestações de uma crise que é importante que se diga que é uma crise estrutural mais profunda da própria Europa e, neste caso mais particular, o sistema euro. E Portugal, como país mais frágil, enfim, tem os seus próprios problemas. É muito dependente da França". 

Na leitura de António Mendonça, parte significativa destes problemas tem a ver com "a incapacidade que a Europa tem tido nos últimos anos de fazer face aos problemas estruturais, que vai empurrando com a barriga e não resolve. E penso que desse ponto de vista também. Quando nós estávamos a começar com o funcionamento do sistema euro, que implicaria um aprofundamento da integração do ponto de vista económico, do ponto de vista da política económica, houve um privilegiar do alargamento em detrimento do aprofundamento da integração económica. Não estou a por em causa que isso não tenha sido uma boa opção, sobretudo em termos de natureza política, até para ajudar a própria recuperação desses países, mas isso acentuou, por um lado, as insuficiências do próprio sistema euro, designadamente em termos de integração económica e, por outro lado, também aumentou as assimetrias". 

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