Medidas temporárias têm "impacto quase eterno nas contas públicas", diz Centeno
Governador do Banco de Portugal explicou que, se fossem financiadas todas as medidas temporárias adotadas desde 2020 até agora a 3%, teriam "um impacto anual no Orçamento do Estado de 500 milhões de euros". Face a isso, defende que é premente prosseguir a trajetória de redução do rácio da dívida no PIB.
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, referiu esta quarta-feira que as medidas temporárias adotadas por países como Portugal, onde o endividamento é elevado, têm "um impacto permanente, quase eterno" nas contas do Estado.
"Num país que tem défice e uma dívida elevada, as medidas temporárias têm um impacto permanente, diria quase eterno, nas nossas contas públicas", começou por dizer Mário Centeno, num debate sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano (OE 2023), na AESE Business School, em Lisboa.
Mário Centeno salientou que, se forem somadas todas as medidas temporárias adotadas desde 2020 até agora e essas forem financiadas nos mercados a 3% ("que é neste momento a taxa de juro a 10 anos), verificar-se-á que essas políticas adotadas têm "um impacto anual no Orçamento do Estado de 500 milhões de euros".
Para o governador do BdP, isso mostra que essas medidas devem ser adotadas "com equilíbrio" e "no tempo certo". "Há aqui um equilíbrio, do lado dos bancos centrais, que tem vindo a ser recebido como necessário na utilização de todo o arsenal da política orçamental", disse.
Face a isso, o ex-ministro das Finanças salientou a necessidade de Portugal continuar a trabalhar para reduzir a dívida pública, que "está ainda acima de 120% do PIB". "Não conheço um investimento mais democrático e equitativo para a receita extraordinária [impulsionada pela subida da inflação] do que a redução da dívida", disse, destacando que essa redução beneficia todos os portugueses.
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