Comissão Europeia altera proposta orçamental para evitar "chumbo" dos eurodeputados
A Comissão Europeia está a alterar a sua própria proposta de orçamento europeu de longo prazo, num esforço para evitar que o documento seja chumbado. A decisão de alterar à proposta orçamental é invulgar, mas tem como objetivo dar resposta à oposição levantada pela maioria das famílias políticas do Parlamento Europeu, em vésperas de se iniciarem negociações.
A proposta da Comissão Europeia para o próximo orçamento a sete anos (2028-2034), apresentada em julho, prevê um montante histórico de dois biliões de euros, um valor acima dos 1,2 biliões do atual quadro comunitário. Porém, a proposta gerou críticas de vários quadrantes por prever a criação de 27 planos (um por país) de parceria nacionais e regionais com desembolsos mediante objetivos cumpridos, tal como acontece com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
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A tensão escalou depois de as bancadas parlamentares de centro-direita, socialista, liberal e dos verdes – que, em conjunto, têm mais de metade (60%) dos assentos no Parlamento Europeu – terem enviado uma carta ao executivo de Ursula von der Leyen, onde rejeitam a criação desses planos nacionais por Estado-membro e exigem uma "revisão urgente" da proposta sob pena de bloquearem as negociações. "Não podemos aceitar [a proposta tal como está]", referem, no documento.
Como a proposta orçamental tem de ser aprovada pelos eurodeputados e pelo Conselho, a Comissão Europeia tem estado a rever a sua própria proposta para aproximar posições e ultrapassar o atual impasse político, segundo o Politico e o Euractiv.
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Entre os pontos mais sensíveis que têm estado a ser revistos pela Comissão Europeia, está a participação das regiões na atribuição de fundos europeus. Segundo o Politico e o Euractiv, a Comissão Europeia está disponível para introduzir na proposta orçamental uma "meta rural", de forma a garantir que um décimo do financiamento atribuído a cada país no âmbito dos planos de parceria nacionais e regionais é canalizado para as regiões do bloco europeu.
Ursula von der Leyen admite ainda reforçar a supervisão dos eurodeputados sobre as prioridades de despesa definidas e dar um lugar à mesa ao Comité Europeu das Regiões, onde estão representados os poderes locais e regionais da UE. Numa outra concessão, propõe garantias para reduzir o risco de cortes nos pagamentos às regiões mais desenvolvidas, juntando-se à garantia atualmente prevista de que 218 mil milhões do orçamento devem ir para regiões mais pobres.
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Os recuos de última hora do executivo comunitário acontecem horas antes de uma reunião virtual entre Ursula von der Leyen, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, cujo país está atualmente encarregue da presidência rotativa do Conselho da UE. Resta saber se a abertura de Ursula von der Leyen será suficiente para garantir um acordo e desbloquear as negociações.
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