Eurodeputados elogiam "progressos" no orçamento da UE e querem iniciar negociações formais

Após ter ameaçado bloquear as negociações da proposta orçamental, o Parlamento Europeu está pronto para dar início à discussão formal. Alterações de última hora da Comissão Europeia ao documento contribuíram para ultrapassar impasse político.
Eurodeputados discutiram a proposta de orçamento da UE para 2028-2034 com Ursula von der Leyen.
Lusa / EPA
Joana Almeida 19:43

Os eurodeputados elogiaram esta quarta-feira os "progressos" feito na discussão preliminar da proposta orçamental para o período pós-2027, depois de a . O Parlamento Europeu, que , está agora pronto para começar as negociações formais com a Comissão e o Conselho. 

A eurodeputada socialista Carla Tavares, que é correlatora do quadro financeiro plurianual (QFP), referiu, em conferência de imprensa , que o novo documento apresentado pela Comissão Europeia vai ao encontro de algumas das preocupações levantadas pela maioria dos eurodeputados e é uma melhor base de partida para as negociações formais. "O que temos agora em cima da mesa para começar a trabalhar não é perfeito, mas é um progresso no QFP. E os grupos políticos pró-europeus continuam juntos para trabalhar no QFP", garantiu.

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O eurodeputado romeno Siegfried Muresan, também correlator do QFP, destacou a decisão "sem precedentes" da Comissão Europeia em alterar a proposta orçamental inicial e acredita que o Parlamento Europeu será agora "levado muito a sério" nas negociações tripartidas entre a Comissão Europeia, Parlamento Europeu e Conselho. "Este Parlamento, que é um muito volátil, acabará por não votar a favor do QFP e dos dossiers legislativos individuais se não formos levados a sério", alertou.

Na segunda-feira, a Comissão Europeia avançou com uma , de forma a ultrapassar o bloqueio político no Parlamento Europeu. Entre as alterações inscritas na nova proposta está a introdução de uma "meta rural" correspondente a 10% do total dos planos agrícolas nacionais, a garantia de que as autoridades regionais serão envolvidas no processo de aplicação dos fundos europeus e um reforço do controlo por parte do Parlamento Europeu.

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A decisão invulgar de alterar a proposta orçamental surgiu depois de as bancadas de centro-direita, socialista, liberal e dos verdes – que, em conjunto, têm mais de metade (60%) dos assentos no Parlamento Europeu – terem enviado , onde rejeitam a proposta inicial da Comissão Europeia e exigem uma "revisão urgente" do documento sob pena de bloquearem as negociações. "Não podemos aceitar [a proposta tal como está]", referem.

Apesar dessas alterações, a , o que tem gerado críticas das várias bancadas da assembleia europeia. Os eurodeputados argumentam que a proposta conduz a "uma redução substancial" dos fundos para a Política de Coesão e a Política Agrícola Comum (PAC), em termos reais, e que a  – "dilui o seu papel distinto". 

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Além disso, a maioria parlamentar está contra a ideia de condicionar a atribuição de fundos europeus à implementação de reformas pelos Governos nacionais. A tomada de posição surge depois de o  ter noticiado que a Comissão Europeia está a estudar a possibilidade de fazer depender a atribuição de verbas europeias à implementação de medidas para fortalecer o sistema de pensões nos países da UE.

Carla Tavares e Siegfried Muresan garantiram que, na fase de negociações, o Parlamento Europeu vai insistir para que o montante que a Comissão Europeia quer destinar ao  – "aumente de forma significativa", já que, segundo os eurodeputados, o montante proposto igual ao atual (1,2 biliões), com ajuste à inflação. "É preciso que o novo QFP seja superior ao valor atual mais inflação", salientou, lembrando que o próximo orçamento de longo prazo terá de financiar também a dívida contraída com a "bazuca" europeia, onde se incluem os PRR.

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Os eurodeputados esperam ainda conseguir introduzir outras "melhorias", nomeadamente no que toca ao financiamento alocado à Política de Coesão e à PAC, bem como tornar o processo orçamental "mais transparente".

Para que a proposta orçamental seja aprovada no Parlamento Europeu, a Comissão Europeia tem de assegurar que há a maioria dos eurodeputados votam a favor da proposta. As negociações com o Parlamento Europeu e também com o Conselho para aprovar a proposta deverão prolongar-se durante os próximos meses.

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