O ano de 2015 terminou com 13 empresas, mais uma do que há um ano, integradas na lista mais "negra" dos devedores milionários que acumulam dívidas às Finanças superiores a cinco milhões de euros. 

 

Segundo os mais recentes dados da Autoridade Tributária, actualizados em 29 de Dezembro, há ainda 134 outras empresas, menos do que as 181 registadas no final de 2014, com dívidas compreendidas entre um e cinco milhões de euros.

 

Entre os devedores milionários estão empresas de vários ramos de actividade, sobretudo ligadas ao negócio de sucatas, construção, informática e distribuição. Entre as que devem mais de cinco milhões de euros, há várias sucateiras e repetentes. Conheça as 13 maiores devedoras.

 

1. A. Oliveira Santos
2. Trata-se de uma empresa de comércio de metais e sucatas, sobre a qual não há quase informação no domínio público. Situa-se na freguesia de Espargo, concelho de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro.

 

Boavista SAD

2. Em Fevereiro de 2011, antigo presidente do Boavista João Loureiro foi condenado a dois anos de prisão, com pena suspensa por cinco anos, e ao pagamento de prestações fiscais que o clube ficou em dívida ao Estado. O crime de abuso de confiança fiscal também lesou o antigo administrador da área financeira, Vítor Borges, condenado a um ano e nove meses de prisão, com pena suspensa por iguais cinco anos, e também ao pagamento do montante ainda em dívida, quantia que falta apurar. O Boavista é o único clube de futebol que continua a figurar na lista dos maiores devedores ao Estado.

 

3. Euroamer

O nome da empresa tem estado no palco mediático por ter sido presidida pelo antigo apresentador de televisão Artur Albarran. Acusado em 2010 pelo Ministério Público de utilizar um complexo esquema de financiamento para a aquisição de terrenos e construção de empreendimentos imobiliários, Albarran foi em Novembro de 2015 ilibado: o tribunal não comprovou que o empresário tenha burlado as finanças em 16 milhões de euros como chegou a acusar o Ministério Público. Entre os negócios da Euroamer sob suspeita estavam a construção e promoção do Edifício Fronteira, na Avenida António Augusto Aguiar, em Lisboa, que é hoje a sede do Banco BIC (ex-BPN) e de duas lojas do grupo Inditex.

Holding imobiliária criada em 1997 com o apoio do ex-chefe da CIA, Frank Carlucci, e de outros políticos norte-americanos, a Euroamer é hoje uma empresa "fantasma" sem património imobiliário, sem funcionários, sem edifício-sede, e com uma interminável fila de credores a reivindicarem o pagamento de dívidas. Está na lista dos maiores devedores ao fisco desde, pelo menos, 2006.

 

Carlos Teixeira da Silva & Filho/Califa

Foi com a passagem do século que a têxtil Califa, da zona industrial de São João da Madeira e com as requintadas camisas Victor Emmanuel no currículo, começou a perder o fôlego. A facturação diminuía, os lucros emagreciam, o Estado batia-lhe à porta exigindo os pagamentos devidos. "Hoje, a fábrica inaugurada em 1966 pelo então Presidente da República Américo Tomaz está fechada e nas mãos da banca. O patrão está preso por fuga ao fisco com uma pena de três anos", contava o jornal Público em 2014.

 

GMOF

Mais uma empresa do comércio de sucatas sobre a qual pouco se conhece. Com sede em Zebreiros, Gondomar, tem dívidas fiscais desde, pelo menos, 2012.

 

Iberouro

Empresa de comércio de metais e pedras preciosas, com o mesmo nome de uma outra estabelecida na Corunha, Espanha. Tinha sede em Vila Nova de Gaia e há referências a que tenha sido liquidada em Outubro de 2013.

 

Kroning

É uma das repetentes na lista dos maiores devedores. Com sede em Lisboa, dedicava-se ao comércio por grosso de computadores, equipamentos periféricos e programas informáticos. Terá entrado em liquidação em Dezembro de 2008.

 

L.Rocha/Beltrónica

Um das primeiras referências na imprensa surge em 2004, com a empresa a negar uma informação do Diário de Notícias: "Esta sociedade - L. Rocha - Representações, Lda. - não tem, nem nunca teve, qualquer dívida ao Fisco". O sócio maioritário da L. Rocha era também da Beltrónica, que se apresenta líder mundial em Sistemas de Comunicação instalada em Portugal desde 197. O chamado ‘caso Beltrónica’ é um dos mais mediáticos de alegada corrupção fiscal, que ainda corre nos tribunais. Envolve um técnico das Finanças que foi acusado de apagar uma dívida de 3,8 milhões de euros da L. Rocha. O fiscal Bernardino Correia Duarte, o único arguido do processo, foi acusado em 2010 pelo Ministério Público, julgado em 2012 e acabou absolvido. Mas os procuradores recorreram para a Relação, que ordenou a repetição do julgamento com o argumento de que era "necessário fundamentar melhor a matéria de facto dada como não provada", noticiava o Correio da Manhã em Janeiro de 2015.

O funcionário das Finanças era responsável pela cobrança de IVA e, segundo a acusação do MP, teria eliminado do sistema informático 36 liquidações da sociedade L. Rocha para reduzir a sua factura ao fisco, arriscando uma pena até cinco anos de prisão.

 

Lin Lines Incorporation

Trata-se de uma empresa portuguesa de navegação, que se apresenta como operador especializada no comércio entre Portugal/Espanha e Angola.

 

Metalmonda

Mais uma empresa que negoceia sucatas da qual pouco se conhece. Foi fundada em 1997, e tem sede em Outeiro Pequeno, Santarém.

Sociedade de Investimentos Colinas Darge

Com sede em Lisboa, a empresa apresenta-se como efectuando "actividades dos serviços relacionados com a caça e repovoamento cinegético", embora também haja registos de que actua na área da mediação imobiliária. Em 2009, recebeu, por portaria, a concessão pelo período de 12 anos, renovável automaticamente por um único e igual período, a exploração da zona de caça turística que Colinas d'Arge englobando vários prédios rústicos sitos na freguesia e município de Portimão, com a área de 1382 hectares.

 

Valosmetal

Já estava na lista dos maiores devedores há um ano e tinha sido sinalizada por dívidas fiscais já em 2012. Constituída em 2004, é, uma vez mais, uma empresa que opera no "comércio por grosso de sucatadas e de desperdícios metálicos". Tem sede em Santa Maria da Feira.

 

Yonash

Empresa sediada em São Paio, Guimarães, apresenta-se como actuante no comércio por grosso de matérias plásticas. Já no ano passado figurava entre as que devem mais de cinco milhões de impostos ao Estado português.