"As leis não chegam com carimbo de escritórios de advogados"

A ministra da afirmou no Parlamento que o recurso a especialistas externos para fazer leis "é uma prática mais corrente do que devia ser". Respondia a uma questão da oposição sobre as alterações ao estatuto do gestor público na sequência da contratação de António Domingues.
maria manuel leitão marques ministra modernização presidência
Pedro Elias
Filomena Lança 21 de Fevereiro de 2017 às 15:43

"As leis à Presidência [do Conselho de Ministros] não chegam com carimbo de escritórios de advogados", e "se alguns ministros têm ou tiveram, no presente ou no passado, apoio de escritórios de advogados na sua produção legislativa, no meu caso isso nunca aconteceu, posso garantir-lhe. Infelizmente é uma prática mais corrente do que devia ser, estou a dar-lhe a minha opinião."

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A ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, que está esta terça-feira, 21 de Fevereiro no Parlamento, respondeu assim a uma questão colocada pelo PSD a propósito de notícias que deram como certa a participação de um escritório de advogados na elaboração das alterações ao Estatuto do Gestor Público, na altura da contratação de António Domingues para a Caixa Geral de Depósitos.

 

Maria Manuel Leitão Marques encontra-se da Comissão numa audição regimental e foi confrontada por Marques Guedes, deputado do PSD: "É verdade que houve um diploma legal, uma alteração ao estatuto do gestor público, que terá sido feito por um escritório de advogados e onde o Governo se limitou a pôr a sua chancela?"

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A ministra afirmou desconhecer se isso aconteceu ou não e sublinhou que à Presidência do Conselho de Ministros as propostas de diplomas legais "chegam enviadas por ministros e por eles validadas" e se estes "tiveram ajuda externa, não lhe posso garantir se tiveram ou não". "Directamente enviadas [por escritórios de advogados], isso posso garantir que não aconteceu em nenhum caso", sublinhou.

 

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No início de Fevereiro, o jornal Público avançou que a equipa do secretário de Estado das Finanças, Mourinho Félix, deixou que o escritório de advogados de António Domingues decidisse a formulação que pretendia para a alteração à lei para isentar os gestores da CGD das obrigações do estatuto de gestores públicos, nomeadamente a entrega das declarações de rendimentos no Tribunal Constitucional.

 

Segundo o jornal, o Ministério das Finanças negociou "ponto a ponto" a alteração à lei com a sociedade Campos Ferreira, Sá Carneiro & Advogados, que assessorou António Domingues quando o gestor ainda não tinha assinado contrato com a Caixa.

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