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Empresa de Isabel dos Santos admite levar Estado angolano a tribunal

O Presidente angolano, João Lourenço, revogou a construção no novo porto da barra de Dande à empresa Atlantic Ventures. A empresa onde Isabel dos Santos tem uma participação diz ter sido apanhada de "surpresa".

Isabel dos Santos entrevista
Isabel dos Santos entrevista Miguel Baltazar
16 de Julho de 2018 às 14:17

A Atlantic Ventures, empresa controlada por Isabel dos Santos, diz ter sido apanhada de "surpresa" pela decisão do Presidente angolano, João Lourenço, de revogar a construção do novo porto da barra do Dande, obra de 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) que havia sido adjudicada a esta empresa pelo anterior chefe do Estado, José Eduardo dos Santos.

Em comunicado, a Atlantic Ventures, acena mesmo com a via judicial para contrariar a decisão tomada por João Lourenço. "A revogação da referida concessão, agora comunicada, tem um carácter expropriatório nos termos da lei angolana e da lei internacional. Com a decisão infundada de revogar a concessão, o Estado Angolano fica exposto ao pagamento de indemnizações previstas pela lei angolana e pelo Direito Internacional, o que implica custos adicionais para o Estado e, portanto, para o contribuinte", explica a empresa.

Em Janeiro deste ano, João Lourenço já tinha dado sinais de que iria rever esta adjudicação. "Vamos procurar rever todo o processo no sentido de, enquanto é tempo, e porque o projecto não começou ainda a ser executado, corrigirmos aquilo que nos parece ferir a transparência, na medida em que um projecto de tão grande dimensão quanto este, que envolve biliões, com garantia soberano do Estado, não pode ser entregue de bandeja, como se diz, a um empresário, sem concurso público", afirmou o Presidente da República no decurso da sua primeira conferência de imprensa pós-eleição.

A Atlantic Ventures, que se apresenta como uma parceria entre investidores angolanos e estrangeiros, na qual o Porto de Luanda tem 40% do capital, refuta estas alegações, considerando que a referida concessão "cumpriu todos os requisitos legais aos quais estava obrigada" e acrescentando que o "processo foi desenvolvido com total transparência e participação de várias entidades".

A empresa argumenta ainda que "após a publicação do decreto de adjudicação da concessão, e durante o actual mandato, tiveram lugar inúmeras reuniões com as equipas deste Executivo que se prolongaram ao longo de meses" e que "nunca lhes foram formalmente comunicadas quaisquer preocupações económicas, legais ou contratuais, do Executivo angolano relativamente ao projecto que impedissem a sua implementação, nomeadamente em sede de temas relacionados com o cumprimento da legislação angolana".

Embora invoque a possibilidade de recorrer aos tribunais, a empresa de Isabel dos Santos deixa a porta para um entendimento. "A Atlantic Ventures mostra-se disponível para negociar e encontrar uma solução que favoreça o respeito pela lei nacional e internacional, permitindo retomar a rápida implementação do projecto e, acima de tudo, o interesse público angolano", mas avisa que espera obter informação do Governo para tomar "as decisões necessárias e convenientes à protecção dos interesses em presença".

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