Bessent acusa China de tentar prejudicar economia global
Em entrevista ao Financial Times, o secretário do Tesouro dos EUA diz que as restrições impostas pelos chineses são um reflexo dos seus próprios problemas económicos, num momento em que a guerra comercial entre os dois países está a intensificar-se.

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Ao impor controlos abrangentes de exportações sobre as terras raras e minerais críticos, a China está a tentar prejudicar a economia global, atingindo as cadeias de abastecimento mundiais. As críticas, num momento em que se agravam as tensões comerciais entre chineses e norte-americanos, são do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
Em declarações ao Financial Times, o responsável disse que a implementação destes controlos, apenas cerca de três semanas antes da prevista reunião entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o homólogo chinês, Xi Jinping, reflete os problemas que a economia chinesa atravessa.
“Este é um sinal de quão fraca é a sua economia e querem puxar toda a gente para baixo com eles”, afirmou Bessent na segunda-feira. “Talvez haja um modelo de negócio leninista em que prejudicar os seus clientes seja boa ideia, mas eles são o maior fornecedor do mundo”, acrescentou. “Se querem abrandar a economia global, serão os principais prejudicados."
Nas declarações extremamente críticas para os responsáveis chineses, Bessent não ficou por aqui: “Estão a meio de uma recessão/depressão e estão a tentar uma saída através das exportações." O problema é que estão a exacerbar a sua posição no mundo, disse o responsável, um dos principais aliados de Trump na Administração dos EUA.
Na sexta-feira, o Presidente dos EUA amaçou impor tarifas adicionais de 100% sobre os bens chineses, depois de a China ter implementado uma série de medidas, como a restrição de exportações de matérias raras, mas também à entrada de chips norte-americanos, além de ter aumentado as taxas portuárias.
De acordo com o FT, os EUA já definiram contramedidas caso as duas partes não cheguem a acordo, que poderão passar pela exigência de uma licença de exportação de qualquer tipo de software para a China. O assunto deverá ser discutido nas reuniões do FMI-Banco Mundial que se realizam esta semana em Washington, com a participação dos membros do G7.
Esta terça-feira, o ministro chinês do Comércio anunciou sanções contra a fabricante de navios sul-coreana Hanwha Ocean, com fortes ligações aos EUA. Na visão das autoridades chinesas, a empresa "auxiliou e apoiou atividades de investigação relevantes do governo dos EUA, comprometendo assim a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China", proibindo ainda qualquer transação ou cooperação com a mesma.
Além disso, a China advertiu os EUA de que está disposta a “lutar até ao fim” se Washington insistir na imposição de novas tarifas e restrições comerciais, embora tenha reiterado a abertura ao diálogo. Recorde-se que os dois países mantinham uma trégua desde maio, tendo chegado a um acordo de princípio que reduziu as taxas de mais de 100% que estavam mutuamente em vigor.
“Se quiserem lutar, lutaremos até ao fim; se quiserem falar, a porta está aberta”, declarou o ministério do Comércio chinês em comunicado, em resposta ao anúncio da Casa Branca de aplicação das tarifas adicionais de 100% sobre os produtos chineses e outras medidas restritivas. Já no domingo, o ministério tinha pedido que os EUA recuassem nas tarifas, solicitando mais conversações e ameaçando retaliar caso as negociações fracassem.
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