A guerra comercial iniciada pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, motivou o boicote dos consumidores de muitos países a produtos norte-americanos, nomeadamente o vinho. Em abril, as exportações de vinho da maior economia mundial afundaram 41% face a igual mês de 2024. Isto depois de uma quebra homóloga de 28% em março.

Os dados revelados pelo Gabinete do Census dos Estados Unidos mostram que as vendas de vinho para o Canadá caíram a pique em abril, com um recuo de 93%, naquela que é a maior quebra desde o início da série, em 2002.

Mas não foi apenas o vizinho do norte, que é o principal cliente estrangeiro, a boicotar o vinho norte-americano. Quatro dos cinco maiores mercados para as exportações vinícolas dos EUA registaram quedas em abril. Além do declínio de 93% nas vendas para o Canadá, as exportações para o Reino Unido e China, segundo e terceiro maiores mercados, sofreram quebras homólogas de 29% e de 70%, respetivamente. Também as vendas para Coreia do Sul, o quinto comprador externo de vinho norte-americano, recuaram 34%. 

A exceção acabou por ser o Japão, quarto maior cliente dos vinhos americanos, que registou um crescimento de 12%.

"O vinho está em crise. Há demasiada produção e a procura está a cair", refere Karl Storchmann, diretor-executivo da American Association of Wine Economists, citado pela Bloomberg. "Mas o que está a prevalecer neste momento são as tarifas e a enorme quebra nas exportações para o Canadá".

Segundo dados da ONU, o Canadá foi o maior cliente de vinho dos EUA, representando cerca de um terço do valor das exportações do setor.

Em março, as províncias canadianas começaram a retirar bebidas alcoólicas "made in USA" das lojas geridas pelo governo em retaliação pelas tarifas impostas por Trump aos produtos canadianos. Adicionalmente, o Canadá aplica uma taxa aduaneira de 25% à importação de vinho dos EUA, que foi imposta após a Casa Branca ter iniciado a guerra comercial.