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Taiwan rejeita pressão para mudar metade da produção de chips para os EUA

Exigência de Washington soma nova tensão às negociações tarifárias, motivando críticas internas em Taipei e alertas sobre riscos para o “escudo de silício” que sustenta a segurança da ilha.

Taiwan rejeita pressão para mudar metade da produção de chips para os EUA
Taiwan rejeita pressão para mudar metade da produção de chips para os EUA Rui Minderico
15:04

Taiwan rejeita firmemente os avanços de Washington para que metade da produção de semicondutores passe a ser realizada em solo norte-americano. A vice-primeira-ministra Cheng Li-chiun, responsável pelas negociações tarifárias com os EUA, sublinhou esta quarta-feira que tal proposta “não foi discutida” na mais recente ronda de conversações em Washington e que o Governo “não concordará com tais condições”.

“O nosso grupo de negociação nunca fez qualquer compromisso de dividir a produção de chips em 50-50”, afirmou Cheng, citada pela agência.

A pressão partiu do secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que no fim de semana defendeu publicamente que a produção fosse repartida entre Taiwan e os Estados Unidos. Numa entrevista ao canal NewsNation, o responsável argumentou que os EUA precisam de ter 50% da capacidade de produção de chips nos EUA para garantir a . “Se temos metade, temos a capacidade de fazer o que precisamos, se for necessário”, disse, sem detalhar que medidas Washington poderia adotar em cenário de ataque chinês.

De acordo com a , Washington tem procurado reduzir a dependência de Taiwan, que concentra cerca de 95% da produção mundial de semicondutores avançados através da . A pandemia e a escassez global de chips tornaram evidente o risco de sobredependência relativamente a uma única geografia para indústrias estratégicas que vão desde o setor automóvel ao armamento e à inteligência artificial (IA).

Para Taipei, contudo, o domínio no setor dos semicondutores é visto como um “escudo de silício”, ou seja, um trunfo geopolítico que pode dissuadir uma eventual invasão chinesa e garantir apoio internacional. Deslocar a capacidade produtiva para os EUA pode enfraquecer o ecossistema local, considerado único pela elevada concentração de fornecedores e conhecimento técnico.

A proposta norte-americana já gerou forte contestação política interna. Hsu Yu-chen, deputada do partido da oposição Kuomintang, de Taiwan, acusou Washington de um “roubo descarado” e de procurar enfraquecer deliberadamente a posição estratégica de Taiwan. “Se os EUA forçarem a divisão da capacidade mais avançada da TSMC, a eficácia do escudo de silício será enfraquecida e a alavancagem estratégica de Taiwan ficará comprometida”, alertou.

, também vozes académicas, como Arisa Liu, diretora no Taiwan Institute of Economic Research, defendem que as exigências de Washington “trazem mais danos do que benefícios”, já que “enfraquecem a cadeia de fornecimento doméstica” em troca de ganhos comerciais limitados, como a redução de tarifas.

Apesar das tensões, as negociações bilaterais registaram “certos progressos”, anunciou Taiwan, referindo que o objetivo é para os EUA. Mais de 70% dessas exportações estão ligadas ao setor dos semicondutores. De acordo com a Bloomberg, o desfecho das conversações dependerá de consensos sobre tarifas recíprocas, regras de comércio e cooperação na cadeia de abastecimento.

Nos últimos tempos, a TSMC já respondeu parcialmente à pressão norte-americana, com um . Ainda assim, o governo insiste que o coração da produção permanecerá em Taiwan, preservando a indústria como pilar da segurança nacional e símbolo da competitividade tecnológica da ilha.

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