BCE vê inflação ligeiramente mais alta e espera maior subida do PIB neste ano

Revisão em alta sustenta pausa nos juros, com autoridade monetária a salientar que vai continuar a vigiar os riscos de maior pressão nos preços.
Na atualização de projeções, o BCE mostra-se mais confiante quanto ao andamento da economia do euro em 2025.
Michael Probst/AP Photo
Maria Caetano 13:29

O Banco Central Europeu (BCE) reviu nesta quinta-feira em ligeira alta a inflação prevista para este ano, vendo a economia encaminhada para superar as perspetivas de há três meses, antes das novas tarifas negociadas entre UE e Administração de Donald Trump. Apesar de o novo cenário macroeconómico antecipar perspetivas para a inflação quase inalteradas, a autoridade monetária indica que vai manter vigilância atenta aos riscos de maiores pressões de preços ao mesmo tempo que.

Nas novas projeções apresentadas, o BCE espera que a inflação média anual nas economias da moeda única fique em 2,1%, uma décima mais do que esperava em junho. Também para 2026 há uma ligeira revisão em alta, igualmente numa décima, para 1,7%, mas ainda abaixo das meta de equilíbrio de preços da autoridade monetária (2%), enquanto que para 2027 a subida média de preços no espaço do euro já deverá andar em torno dos objetivos da política monetária novamente, em 1,9%.

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A revisão em alta acompanha aquela que foi evolução mais recente do indicador de inflação harmonizado da Zona Euro, que em agosto terá avançado de 2% para 2,1%, de acordo com a estimativa preliminar do Eurostat.

A equipa económica do BCE salienta que "as projeções apresentam um cenário de inflação semelhante àquele que foi projetado em junho". Não vendo a estabilização das subidas de preços posta em causa no médio-prazo, refere - como até aqui - que a intenção da instituição é continuar a seguir de perto os dados, reunião a reunião. 

As próximas decisões, indica, serão tomadas à luz das "perspetivas para a inflação e dos riscos que as rodeiam", com os governadores da área do euro atentos às pressões subjacentes de preços (sem impacto de bens de comportamento mais volátil como a alimentação, que empurrou índice de preços no consumidor para uma subida de 2,8% em agosto em Portugal) e à reação dos preços às decisões de política monetária.

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Segundo a presidente do BCE, Christine Lagarde, apesar do comportamento mais recente de aceleração salarial no espaço do euro, não é de esperar maiores subidas de ritmo nas remunerações, com impacto nos níveis de inflação doméstica.

Por outro lado, os preços da energia, que têm trilhado em terreno negativo, deverão retornar às subidas.

Já do lado do andamento da economia, o banco central está mais confiante quanto a 2025, esperando agora 1,2% de subida no PIB, mais três décimas do que os 0,9% de crescimento antecipados há três meses, antes do acordo para tarifas de 16% quase transversais entre Estados Unidos e União Europeia, que apesar do peso das sobretaxas terá reduzido a incerteza para os agentes económicos.

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O BCE vê agora melhores sinais nos indicadores avançados para a indústria e serviços, ao mesmo tempo que espera que o trajeto de descidas de juros já feito apoie consumo e investimento e que também os compromissos públicos de maior despesa em Defesa e infraestruturas apoiem igualmente a economia. 

Mas estes são fatores temporários, com menor efeito em 2026, ano para o qual o BCE contrapõe uma revisão em baixa, de 1,1% para 1%, no que toca ao crescimento real da economia. Já para 2027 o cenário fica inalterado com uma subida anual do PIB esperada de 1,3%.


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