Powell acalma mercados: Fed preparada para mudar política monetária se for necessário
O presidente da Reserva Federal (Fed) dos EUA, Jerome Powell, tentou acalmar os receios dos investidores, esta sexta-feira, 4 de janeiro, ao sinalizar que a economia norte-americana está forte. Mas sobretudo ao prometer ajustar a política monetária rapidamente no caso de se registar um abrandamento do crescimento económico global.
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"Penso que os mercados estão a incorporar os riscos", disse o responsável pelo banco central dos EUA, num painel com vários economistas, citado pelo New York Times. "Estão muito à frente dos dados", acrescentou o presidente, garantindo que a Fed está atenta aos sinais dos investidores. "Estamos atentos às mensagens que os mercados estão a enviar", referiu.
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A Fed, que subiu as taxas de juro quatro vezes no ano passado, tem nos seus planos mais dois aumentos este ano. Essa perspetiva agitou os mercados, com muitos analistas e economistas a temerem que este ritmo de normalização da política monetária possa penalizar o crescimento económico.
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Powell, reconhecendo estes receios, afirmou que a Fed está preparada para ajustar a política caso as condições económicas o exijam. "Estamos sempre preparados para mudar", disse o presidente do banco central, garantindo que "não vão hesitar" caso tenha realmente de haver um ajustamento da política monetária. Uma alteração que poderá ser "significativa", caso seja necessário.
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O responsável começou o seu discurso salientando a robustez de vários indicadores económicos, incluindo o relatório divulgado esta sexta-feira que mostra que o país criou mais de 300 mil novos empregos em dezembro. Ainda assim, reconhece os receios em torno do crescimento da China e a nível mundial, devido, sobretudo, à tensão criada pela guerra comercial entre os responsáveis chineses e Donald Trump.
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A perspetiva de um abrandamento global tem mantido os mercados mundiais sob pressão. E têm surgido vários pedidos para que a Fed faça uma "pausa" nos planos de subida de juros este ano. As declarações de Powell vieram, por isso, dar um novo impulso ao desempenho das bolsas, tanto na Europa como nos EUA.
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Powell recusa-se a abandonar cargo, mesmo a pedido de Trump
"Demite-se se Trump lhe pedir para o fazêr?". Esta foi uma das questões colocadas por um dos jornalistas presentes no evento. Powell respondeu apenas que "não".
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O presidente da Fed disse ainda que não recebeu da Casa Branca qualquer comunicação direta sobre o seu desempenho, assegurando que o banco central continua a ser uma entidade independente que não será afetada por qualquer pressão do governo. "Quero que as pessoas estejam seguras de que temos uma cultura forte (...) que não está a ser disrompida", salientou.
Há meses que Donald Trump critica o responsável, por considerar que Powell está a penalizar a economia norte-americana ao subir as taxas de juro.
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Foi no mês passado que o presidente norte-americano criticou novamente Powell por "sequer considerar" subir taxas de juro. Isto um dia antes de a Fed decidir subir os juros pela quarta vez em 2018. A imprensa norte-americana chegou mesmo a avançar que Trump discutiu em privado a demissão do presidente do banco central pela sua decisão de aumentar os custos de financiamento.
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Em outubro, Trump disse também que a Fed estava a "cometer um enorme erro" ao manter o ritmo de normalização da política monetária. Afirmou ainda que os governadores do banco central estavam "doidos" e que a política da instituição é "demasiado agressiva".
(Notícia atualizada às 16:44 com mais informação)
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