Banco de Inglaterra mantém taxas de juro inalteradas nos 4,25%. Decisão não foi consensual
O Banco de Inglaterra acabou por optar pela cautela, mas três membros da autoridade monetária queriam já avançar com um corte de 25 pontos base.
Depois de ter voltado a cortar as taxas de juro em 25 pontos base no início de maio (uma decisão que não foi consensual entre os membros do banco central), o Banco de Inglaterra (BoE) decidiu manter os juros diretores inalterados nos 4,25% na reunião desta quinta-feira. Apesar do movimento ir ao encontro das expectativas do mercado, os analistas antecipavam uma decisão mais consensual no seio da autoridade monetária britânica. O voto foi bastante dividido, com três membros a pedirem um corte de 25 pontos base.
Apesar de ter optado pela cautela, o BoE prepara, assim, caminho para um novo alívio da política monetária na próxima reunião, agendada para agosto. As atas do encontro revelam que o banco central britânico espera "um abrandamento significativo" no crescimento dos salários para o resto do ano, citando um mercado laboral a mostrar sinais de debilidade. A autoridade monetária continua a afirmar que futuros cortes nas taxas de juro devem ser "graduais e cuidadosos", mas reconhece "sinais de pressões desinflacionistas vindos do mercado de trabalho".
Desde que arrancou este ciclo de alívio de política monetária em agosto do ano passado, o BoE já optou por quatro cortes nos juros diretores. "As taxas de juro continuam numa trajetória descendente gradual", explicou Andrew Bailey, governador do banco central britânico, após a decisão. O líder da autoridade monetária reconhece a "imprevisibilidade" do contexto atual, numa altura em que a guerra comercial de Donald Trump - que já assinou um acordo com o Reino Unido - continua a ameaçar o crescimento global e novas tensões geopolíticas estalam no Médio Oriente.
O comité de política monetária do BoE não se absteve de fazer previsões sobre o possível impacto do conflito entre Israel e Irão na economia britânica. O disparar dos preços do petróleo, que chegaram a crescer mais de 10% no rescaldo dos primeiros ataques, pode vir a contrariar a tendência de arrefecimento da inflação, admite o banco central, que se diz atento e pronto a mudar o seu quadro macroeconómico.
Guerra comercial com menor impacto do que antecipado
Com os EUA e o Reino Unido a assinarem um acordo comercial, depois de as tarifas "recíprocas" de Trump terem ameaçado abanar os alicerces das economias mundiais, o BoE revela-se agora mais otimista para a economia britânica. Embora continue a afirmar que o PIB "permanece fraco", o banco central decidiu rever em alta as suas previsões de crescimento para o segundo trimestre, apontando agora para uma aceleração de 0,25% contra os 0,1% de maio.
O crescimento acentuado na inflação em abril, com o índice de preços no consumidor a aumentar de 2,6% para 3,5%, não surpreendeu a autoridade monetária, que já antecipava um disparo nos preços da energia. Apesar de a inflação até ter desacelerado ligeiramente para os 3,4% em maio, a queda deveu-se a uma descida nos preços dos transportes, com os alimentos, mobiliário e bens domésticos a continuarem em trajetória ascendente.
A decisão do BoE de manter as taxas de juro inalteradas segue os mesmos passos da Reserva Federal (Fed) norte-americana. Na quarta-feira, o banco central do país decidiu manter os juros diretores no intervalo entre 4,25% e 4,50%, tendo revisto em alta as previsões para a inflação e em baixa as do crescimento económico.
(Notícia atualizada às 12h43)
Mais lidas