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Lagarde avisa para "rápida mudança" na geopolítica e "desafios estruturais" na economia

A presidente do Banco Central Europeu está a ser ouvida no Parlamento Europeu, onde vai ser questionada sobre a evolução da política monetária da Zona Euro.

Christine Lagarde, presidente do BCE, discursa no Parlamento Europeu
Christine Lagarde, presidente do BCE, discursa no Parlamento Europeu EPA
04 de Dezembro de 2024 às 13:55

A Europa enfrenta grandes desafios a nível económico e geopolítico. O aviso foi feito por Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE) na abertura da audição no Parlamento Europeu, na qual vai responder às questões dos eurodeputados sobre a evolução da política monetária da Zona Euro, bem como sobre o novo quadro da governação económica na união.

"Estamos a assistir a um cenário geopolítico em rápida mudança, mas também a grandes desafios estruturais ao nosso modelo económico. A resposta da Europa deve ser rápida. Deve centrar-se no estímulo ao investimento, na promoção da inovação e no aumento da produtividade. Para tal, será necessária uma ação política corajosa e, juntamente com a nova Comissão Europeia e o Conselho, este Parlamento terá um papel importante a desempenhar", afirmou.

A presidente do BCE admitiu que a economia registou um crescimento moderado no primeiro semestre deste ano, após cinco trimestres de estagnação, sendo que o crescimento real do PIB foi impulsionado pelas exportações e pelo consumo público. No terceiro trimestre, o PIB real aumentou 0,4%, impulsionado em parte por fatores temporários, como os Jogos Olímpicos de Paris. A responsável sublinha que os dados sugerem que o crescimento será mais fraco a curto prazo, devido ao abrandamento do crescimento no setor dos serviços e à continuação da contração na indústria transformadora, e só numa fase posterior é que a recuperação económica da Zona Euro deverá começar a ganhar algum fôlego.

"As perspetivas económicas a médio prazo são, no entanto, incertas e dominadas por riscos negativos. Os riscos geopolíticos são elevados, com ameaças crescentes ao comércio internacional. Os elevados níveis de abertura comercial e de integração nas cadeias de abastecimento mundiais tornam a área do euro vulnerável a choques externos, com potenciais barreiras comerciais que ameaçam a indústria transformadora e o investimento", avisou a líder da autoridade monetária.

No que se refere à inflação global, esta voltou a aumentar para 2,3% em novembro, contra 2,0% em outubro, devido principalmente a uma moderação da queda dos preços da energia e a um aumento da inflação dos produtos alimentares. A inflação subjacente - excluindo a energia e os produtos alimentares - manteve-se inalterada em 2,7% em novembro e o BCE espera que se situe em torno dos níveis atuais até ao início de 2025.

"A inflação dos serviços continua a ser o maior contribuinte para a inflação e situou-se em 3,9% em novembro, impulsionada em parte pelo recente crescimento elevado dos salários. De um modo geral, o crescimento dos custos laborais tem vindo a moderar-se nos últimos trimestres - não obstante a volatilidade do crescimento dos salários negociados durante o verão - e deverá continuar a abrandar. As pressões inflacionistas internas estão também a recuar, uma vez que os lucros têm vindo a amortecer a evolução ainda elevada dos custos do trabalho. Em termos prospectivos, espera-se que a inflação aumente temporariamente no quarto trimestre deste ano, à medida que as anteriores quedas acentuadas dos preços da energia deixem de ser registadas nas taxas anuais, antes de descer para o objetivo no decurso do próximo ano", disse.

Em outubro, o BCE baixou as três taxas de juro diretoras em 25 pontos base, tal como tinha feito em junho e setembro, colocando a taxa sobre os depósito em 3,25%. Na próxima semana, o grupo vai voltar a reunir-se e a expectativa do mercado é que anuncie um novo corte de 25 pontos base, mas Lagarde reafirmou aquele que tem sido o seu lema: "Não nos comprometemos previamente com uma determinada trajetória para a taxa."

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