Costa une PS e rejeita Europa das sanções

O primeiro-ministro quer mais Europa mas não a das sanções. Bloco e PCP querem enfrentar chantagem europeia. Oposição fala em colagem do PS à esquerda.
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Foto: Miguel Baltazar António Costa Congresso PS Foto: Miguel Baltazar Congresso PS Foto: Miguel Baltazar Congresso PS Foto: Miguel Baltazar Congresso PS Foto: Miguel Baltazar Congresso PS Foto: Miguel Baltazar Congresso PS Foto: Miguel Baltazar Congresso PS
Marta Moitinho Oliveira e David Santiago 05 de Junho de 2016 às 21:23

O líder do PS chegou ao fim do Congresso com um partido unido, (praticamente) unânime em relação aos benefícios da geringonça e a receitar optimismo para enfrentar as dificuldades. Depois de dois dias a malhar em Bruxelas, António Costa avisou que o lugar do PS é dentro da Europa, mas rejeitou possíveis sanções a Portugal. Na reacção ao encontro dos socialistas, os partidos à direita viram um PS que encostou à esquerda.

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Um tema que perpassou os discursos de António Costa, e também de boa parte das intervenções no Congresso - incluindo a do presidente do Parlamento Europeu -, foi a absoluta recusa da hipótese de a Comissão Europeia aplicar sanções por défices excessivos a Portugal. Para Costa é "extraordinário" que, confrontada com a crise dos refugiados, a União Europeia "se entretenha a discutir se o anterior Governo português excedeu em duas décimas os limites do défice orçamental". Nesse sentido, o líder socialista pediu a "aprovação por unanimidade, na Assembleia da República, de uma resolução contra a aplicação de sanções a Portugal". Um desafio que ficou sem resposta por parte do PSD.

A posição assumida este domingo por António Costa no encerramento dos trabalhos é a de que Portugal não pode limitar-se a ser o bom aluno "à espera" que Bruxelas diga "como é que vai ser". Nem deve, enquanto partido europeísta, enveredar pelo confronto com a UE, o que significaria assumir uma linha próxima da defendida por BE e PCP.

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Costa quer uma Europa mais integrada e solidária e propõe um orçamento comum "para corrigir assimetrias" provocadas por um euro que "produz resultados muito assimétricos". O secretário-geral do PS quis mostrar que a actual solução governativa não é incompatível com a prossecução de esforços para reformar a UE, tal como defendeu no sábado o eurodeputado Francisco Assis, que saiu deste Congresso isolado na oposição ao "costismo".

Mas apesar da tentativa de afirmação enquanto partido moderado, o PSD viu neste PS uma força "encostada" à esquerda, a funcionar numa "lógica de Syrização" e o CDS um partido refém do BE e do PCP. Os parceiros de Governo reviram-se na oposição às sanções, mas os comunistas não deixaram de fazer pressão para que Costa defenda a reestruturação da dívida.

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Na frente interna, o primeiro-ministro admitiu que existem dificuldades, mas não perdeu tempo com elas. Costa justificou o seu optimismo - disse que lhe "tem feito bem à saúde" - e receitou-o a todos como forma de combater as dificuldades. Explicou que é por isso que mantém a sua máxima atenção numa visão de médio longo prazo, ou seja, nas mudanças previstas no Plano Nacional de Reformas.

"Não podemos estar obcecados a olhar para o mês seguinte", disse, justificando, porém, por que motivo o Governo decidiu, desde o início, aumentar o rendimento disponível das famílias. "Se não tivéssemos feito esta aposta como estaria hoje a nossa economia? Estaríamos pior porque é a procura interna que tem estado a suportar a nossa economia", afirmou, numa altura em que a economia global dá sinais de fraquejar.

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