"Falsidade", diz Sócrates sobre dúvidas de autoria do livro
O antigo primeiro-ministro José Sócrates considerou que as alegações de que o livro "O Dom Profano, Considerações sobre o carisma" não será da sua autoria são uma "falsidade" com origem na investigação judicial que se concentra em "denegrir pessoas".
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"Todas essas alegações são absolutamente falsas, desmentidas por toda a gente, só existem com um objectivo. O objectivo da justiça não deve ser político, deve concentrar a acção penal na descoberta da verdade e de crime e não em denegrir pessoas," afirmou esta sexta-feira, 28 de Outubro em Lisboa, onde esteve para a apresentação da obra, a segunda no espaço de três anos.
"Acho que não há ângulo de decência para olhar para esta investigação. Verdadeiramente uma investigação que se centra nessa falsidade, e numa campanha de falsidade absolutamente lamentável que visa denegrir-me, diz tudo aos portugueses ao ponto a que chegámos", insistiu, respondendo a perguntas dos jornalistas.
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Em causa está uma notícia da Visão, que cita conclusões da equipa da Operação Marquês, segundo as quais o professor de Direito Domingos Farinho e a mulher, Jane Kirkby, terão recebido 100 mil euros para escrever as obras assinadas por Sócrates através da RMF, uma empresa detida por Rui Mão de Ferro, arguido no processo e sócio de Carlos Santos Silva, outro dos arguidos. Para além da intervenção no anterior livro - "A Confiança no Mundo – Sobre a tortura em democracia", apresentado em 14 de Outubro de 2013, os pagamentos teriam servido também para que Farinho fosse o "ghostwriter" da obra apresentada esta sexta-feira.
Uma tese desmentida pelo próprio docente universitário no início deste mês, depois de a revista Visão ter escrito que o professor universitário terá recebido aquele montante para o fazer. Farinho reconheceu no entanto ter colaborado na obra.
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"Não escrevi a tese de mestrado de José Sócrates. A minha colaboração foi formal. Não tive qualquer participação em livro subsequente", garantiu, dando conta de que prestou declarações ao Ministério Público a este propósito.
José Sócrates foi detido a 22 de Novembro de 2014 no âmbito de indícios de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção, na denominada Operação Marquês. Preso preventivamente na cadeia de Évora, foi libertado fez recentemente um ano, a 16 de Outubro de 2015. O Ministério Pública continua sem produzir acusação ou arquivar o processo.
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