PSD diz que caçada "maciça" na Azambuja beneficia instalação de central fotovoltaica
O PSD exigiu hoje o "apuramento total das responsabilidades" na sequência do abate de 540 animais na Herdade Torre Bela, no concelho de Azambuja, e apontou que a "massiva eliminação" tem como objetivo instalar uma central fotovoltaica no local.
PUB
Em comunicado, os sociais-democratas destacaram a necessidade do "apuramento total das responsabilidades quer quanto à atuação lesiva dos eleitos socialistas na Câmara de Azambuja, quer dos proprietários da Quinta da Torre Bela, quer ainda dos promotores da mega-central solar fotovoltaica, bem como das entidades que mais uma vez nada fizeram para defender o território municipal, em particular o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Associação Portuguesa do Ambiente (APA)".
A nota divulgada hoje revela que os sociais-democratas vão "formalizar queixa junto da Sra. Procuradora-Geral da República e apresentar reclamação formal junto do Sr. Presidente da República e do Sr. Presidente da Assembleia da República".
PUB
A concelhia de Azambuja do PSD acusou ainda a autarquia local, no distrito de Lisboa, de permitir que o território "continue a ser um mero 'joguete' nas mãos de alguns interesses estranhos".
Os sociais-democratas realçaram que naquele local onde aconteceu o abate de 540 animais foi aprovada em 22 de setembro em reunião de câmara "a declaração de interesse público municipal para a instalação de uma mega-central solar fotovoltaica". "É do conhecimento público que esta aprovação foi antecedida de pressões e reuniões entre o Governo PS e a Câmara Municipal de Azambuja", salienta.
PUB
"A aprovação daquela declaração de interesse público municipal deu conforto ao iniciado arranque e abate de árvores numa área aproximada de 750 hectares da Quinta da Torre Bela, destruindo de forma irremediável parte significativa do património e habitat ambiental existente para muitas espécies. O objetivo desta massiva eliminação é óbvio: limpar o território para a colocação de mais de 638 de mil painéis fotovoltaicos. Foi na prossecução deste mesmo objetivo que foram chacinados 540 animais em terreno aberto, murado e sem qualquer vegetação", pode ler-se ainda.
O comunicado reage também às declarações do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, que decidiu "a revogação imediata da licença de caça", alertando que esta medida "está a facilitar a instalação da mega-centralsolar fotovoltaica".
PUB
"[Desta forma] elimina uma das condições pelas quais a Quinta da Torre Bela está inibida de concretizar o projeto pelo Plano Diretor Municipal de Azambuja, nomeadamente como 'área de desenvolvimento turístico'", destaca.
Também o Partido da Terra (MPT) repudiou hoje a "chacina de animais na Herdade da Torre Bela" e exigiu que "o Ministério do Ambiente e Acção Climática não se limite a revogar a licença de caça".
PUB
O MPT considera que "este ato abjeto configura claramente o crime de 'dano contra a natureza'" previsto no código penal e defendeu que o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, que tutela o ICNF, deve "ir mais além da revogação da licença de caça e que o Governo apresente queixa junto do Ministério Público" e dote as autoridades "dos meios necessários à rápida identificação dos executores materiais destas mortes cobardes e censuráveis".
Na segunda-feira, o Instituto da Conservação da Natureza abriu um processo para averiguar junto da Zona de Caça Turística de Torre Bela, concessionada à Sociedade Agrícola da Quinta da Visitação, SAG, Lda., "os factos ocorridos e eventuais ilícitos" relacionados com estes abates.
O jornal 'online' O Fundamental divulgou no domingo que 540 animais, a maioria veados e javalis, foram abatidos numa montaria nos últimos dias. O abate foi "publicitado" nas redes sociais por alguns dos 16 caçadores que terão participado na iniciativa.
PUB
Saber mais sobre...
Saber mais Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas PSD Herdade da Torre Bela Governo PS Azambuja Zona de Caça Turística de Torre Bela Câmara Municipal de Azambuja João Matos Fernandes ambiente políticaO imperativo categórico
Esperteza saloia
Mais lidas
O Negócios recomenda