Von der Leyen: "Europa tem de ser responsável pela sua segurança. Não é uma opção"

Em véspera de um Conselho Europeu determinante, a líder da Comissão Europeia diz que "não há ato mais importante para a defesa europeia do que apoiar a defesa da Ucrânia", seja qual for a decisão sobre a forma de financiamento.
Ursula von der Leyen discursa no Parlamento Europeu
Ronald Wittek / Lusa - EPA
Diana do Mar 09:38

"A Europa deve ser responsável pela sua própria segurança", afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, num discurso no Parlamento Europeu, no âmbito da preparação da reunião do Conselho Europeu, que decorre a 18 e 19 de dezembro.

"Já não é uma opção, mas uma obrigação", afirmou, em Estrasburgo, na última sessão plenária do Parlamento Europeu de 2025, apontando que "não há ato mais importante para a defesa europeia do que apoiar a defesa da Ucrânia".

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A líder do executivo comunitário apontou que, se por um lado, "as conversações de paz estão a intensificar-se, também os ataques da Rússia que não têm apenas a Ucrânia na sua mira", apontando que Moscovo está a escalar as suas operações em território da UE, o que "representa uma ameaça direta à segurança nacional e económica da Europa".

As estimativas – tanto de Bruxelas como do Fundo Monetário Internacional – mostram que as necessidades da Ucrânia ultrapassam os 137 mil milhões de euros em 2026 e 2027, sendo que "a Europa deveria cobrir dois terços desse valor". "Isto não se resume apenas a números, mas também a reforçar a capacidade da Ucrânia para alcançar uma paz verdadeira – uma paz justa, duradoura e que proteja a Ucrânia e a Europa".

"Temos duas opções - recorrer aos ativos russos congelados ou a empréstimos da UE - e temos de definir que caminho seguir. Mas uma coisa é muito clara: Temos de tomar uma decisão sobre como financiar Ucrânia nos próximos dois anos neste Conselho Europeu".

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A presidente da Comissão Europeia recordou que, na semana passada, a UE aprovou  (com os votos contra da Hungria e da Eslováquia) . "Este passo decisivo envia uma mensagem política muito forte. Significa que os ativos russos vão permanecer imobilizados até que decidamos o contrário, até que a Rússia cesse a guerra e indemnize devidamente a Ucrânia por todos os danos causados. Com os ativos fixos indefinidamente, podemos transformar isto num verdadeiro ponto de viragem para a Ucrânia e para a Europa", enalteceu.

No discurso, diante dos 720 eurodeputados, Von der Leyen, que recebeu palmas durante vários momentos, também quis insistir na mensagem que deixou no Estado da União: .

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"Desde que começámos a utilizar este termo – independência – muitos têm-se mostrado céticos quanto ao que implica. Será isto realista? Basta olhar para o que já fizemos. Da defesa à energia, tornamos o impossível possível como parte da nossa nova realidade. E estamos prontos para fazer mais. Porque, com a nossa independência, tornamo-nos mais fortes. Uma Europa mais forte é um parceiro mais forte, não só para promover, mas para garantir um mundo mais seguro", declarou.

E "puxou" de exemplos dos "progressos" alcançados, como ao nível da independência energética da Europa em relação à Rússia (aliás, no dia em que o Parlamento Europeu vai votar o fim gradual das importações de gás russo).

"Graças ao REPowerEU, as importações de gás russo – GNL e gasoduto – caíram de 45% no início da guerra para 13% atualmente; as de carvão, de 51% para zero; e as de petróleo bruto, de 26% para 2%. Tudo isto significa que vamos eliminar os combustíveis fósseis russos de vez, para sempre. Há poucos anos, isto era impensável", realçou, apontando que "a era da independência da Europa deve ser imparável".

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* A jornalista viajou a Estrasburgo a convite do Parlamento Europeu


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