Mais de um quarto dos eurodeputados têm rendimentos extra. Há sete portugueses na lista
Não é ilegal que os eurodeputados tenham outras fontes de rendimento, mas Transparency International EU alerta que há atividades que "apresentam um risco particular", nomeadamente quando associadas a lobby ou quando se iniciam após os eurodeputados tomarem posse.
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Mais de um quarto dos 705 eurodeputados têm rendimentos extra entre os 12 e 804 mil euros anuais, segundo uma análise da Transparency International EU. A prevalência de fontes de rendimento paralelas entre os eurodeputados tem aumentado e levanta questões quanto a eventuais conflitos de interesses. A lista de eurodeputados com rendimentos além do salário bruto mensal de 8.995,39 euros que ganham no Parlamento Europeu inclui sete portugueses. O social-democrata Álvaro Amaro é o que ganha mais em atividades paralelas. Segundo os rendimentos declarados, o eurodeputado aufere entre 24 mil e 120 mil por ano adicionais.Na lista estão também o social-democrata Paulo Rangel e o socialista Manuel Pizarro (ambos com rendimentos extra entre os 12 mil e 65,9 mil euros), Pedro Silva Pereira (com rendimentos entre 12 mil e 60 mil euros), e os eurodeputados Nuno Melo, Francisco Guerreiro e Carlos Zorrinho (a ganharem entre 12 e 5,9 mil euros extra). A prática é comum entre os sete grupos políticos que integram o Parlamento Europeu, sendo que o grupo de direita e extrema-direita Identidade e Democracia é aquele onde há mais eurodeputados com rendimentos provenientes de atividades paralelas. Já o grupo da Esquerda no Parlamento Europeu (GUE/NGL) é o que tem menos eurodeputados a usufruir de ganhos extra (10%). Ainda assim, o Partido Popular Europeu (o maior e mais antigo grupo do Parlamento Europeu) é aquele que tem onde, em conjunto, os eurodeputados auferem de mais rendimentos além do salário mensal. Trabalho "clandestino" aumentou, mas há atividades com "risco particular" Embora não seja ilegal os eurodeputados terem outras fontes de rendimento, a Transparency International EU alerta que há atividades que "apresentam um risco particular", nomeadamente quando estão associadas a organizações de lobby registadas na União Europeia ou quando se iniciam após os eurodeputados tomarem posse. A análise da Transparency International EU tem por base as declarações de interesses financeiros de cada eurodeputado, sistematizadas no portal EU Integrity Watch database. Revela que o chamado "trabalho clandestino", ou seja, fora do Parlamento Europeu tem aumentado entre os eurodeputados nos últimos anos. Os dados compilados mostram que 27% dos eurodeputados declararam receber, em conjunto, entre 3,9 e 11,5 milhões de euros por ano e que, pelo menos, 23 eurodeputados aumentaram os rendimentos extra desde começaram a trabalhar no Parlamento Europeu. Há ainda 39 eurodeputados a ganhar mais de 100 mil euros por ano com atividades paralelas. "Os eurodeputados mais bem pagos acumulam rendimentos externos o valor de 3 a 7,5 vezes o seu salário anual de eurodeputados", indica a Transparency International EU. O polaco Radoslaw Sikorski, do Partido Popular Europeu, é quem declara mais rendimentos extra entre 588 mil e 804 mil euros anuais, em "consultorias". A Transparency International EU alerta, no entanto, que "os números reais podem ser ainda mais elevados", tendo em conta que as declarações de rendimentos dos eurodeputados "não estão sujeitas a verificações institucionais".
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