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"Tinha, tenho e terei todas as condições" para continuar no cargo, assegura Galamba

O ministro das Infraestruturas remeteu mais explicações sobre o caso que envolve o seu ex-adjunto, Frederico Pinheiro, para a comissão de inquérito onde vai falar dentro de dois dias, mas assegurou que tem todas as condições para se manter no Governo.

Pedro Catarino
16 de Maio de 2023 às 17:05

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, assegurou esta terça-feira que tem "todas as condições" para se manter no cargo e remeteu mais explicações sobre a polémica que o envolve para a sua audição na comissão parlamentar de inquérito (CPI), agendada para esta quinta-feira.

"Como se vê, continuo a ter todas as condições [para ocupar o cargo]. Tinha, tenho e terei todas as condições. Continuo a fazer o meu trabalho como sempre fiz", assegurou João Galamba, em declarações aos jornalistas.

O ministro das Infraestruturas deixou ainda claro que se sente "extremamente motivado". "É esse o meu mandato e é isso que vou fazer", acrescentou.

Questionado sobre o porquê de ter pedido a demissão do cargo de ministro das Infraestruturas, se afirma ter "todas as condições" para o exercer, Galamba explicou que, "como disse na conferência de imprensa, a manutenção do governo depende sempre de duas avaliações: da do próprio e da vontade do primeiro-ministro e eu deixei à consideração do senhor primeiro-ministro", o qual decidiu não aceitar a demissão de João Galamba.

O ministro frisou ainda que está "focado todos os dias". "O objetivo e mandato do ministro é governar e é isso que faço todos os dias e que continuarei a fazer", acrescentou.

Diante das restantes questões que lhe foram colocadas sobre este caso, o governante remeteu mais esclarecimentos para a comissão de inquérito, onde vai estar presente. "Não me leve a mal, mas vou à comissão de inquérito daqui a dois dias e pretendo responder apenas e só na comissão de inquérito", referiu Galamba.

"O meu trabalho não é responder sobre a comissão de inquérito, o meu trabalho é ser ministro das Infraestruturas e é por respeito a esta obra, a este território ao presidente da Câmara de Mangualde, ao presidente da junta e a toda a gente que trabalha aqui todos os dias, que o meu foco neste momento é exclusivamente aqui", rematou.

A origem da polémica 

A exoneração do adjunto de João Galamba é uma história rocambolesca com várias versões e calendários, mas na base está a informação prestada à comissão parlamentar de inquérito à TAP e as notas da polémica reunião preparatória entre a então CEO da companhia aérea, Christine Ourmières-Widener, e o grupo parlamentar do PS, a 17 de janeiro para a audição da gestora no dia seguinte na Comissão de Economia. 

Segundo o comunicado emitido por Frederico Pinheiro na sexta-feira, dois dias depois de ter sido informado da sua demissão por telefone por João Galamba, o gabinete do ministro teria intenções de dizer à CPI "que não existiam notas da reunião". "Nesse momento Frederico Pinheiro indica à técnica que, como sabia, tal era falso e que […] era provável que fosse chamado à CPI e seria obrigado a contradizer a informação que estava naquela proposta, com a qual discordava", continuava o comunicado. Informações refutadas pelo gabinete de João Galamba. 

O ministério das Infraestruturas defende que só no último dia do prazo de resposta à CPI, a 24 de abril,  Frederico Pinheiro terá afirmado que, afinal, tinha notas mas que teria de as reescrever para serem perceptíveis e que as enviaria mais tarde. 

O desfecho é o que se conhece: um adjunto exonerado com acusações de agressões, o envolvimento do SIS na recuperação do computador atribuído ao antigo adjunto de Galamba que tinha o pelouro da aviação e uma demissão  - de João Galamba - que não foi aceite pelo primeiro-ministro e levou a um puxão de orelhas do Presidente da Repúplica, Marcelo Rebelo de Sousa.

Entretanto, o Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) esclareceu que por sua iniciativa pediu informações sobre a intervenção do SIS no caso da recuperação do computador atribuído a um ex-adjunto governamental com informação classificada.

O primeiro-ministro garantiu que não foi informado do envolvimento do SIS na recuperação do computador e que ninguém do Governo deu ordens aos serviços de informação para fazerem o que quer que fosse.

"O SIS não foi chamado a intervir. Há um roubo de um computador que tem documentação classificada, o gabinete do ministro fez o que lhe competia fazer, dar o alerta às autoridades e as autoridades agiram em conformidade. Não fui informado e não tinha de o ser, ninguém no Governo deu ordens ao SIS para fazer isto ou aquilo, o SIS agiu em função do alerta que recebeu e no quadro das suas competências legais", disse António Costa.

No sábado, em conferência de imprensa, um dia depois do início da troca de acusações, o ministro das Infraestruturas afirmou que reportou ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e à ministra da Justiça o roubo do computador pelo adjunto exonerado Frederico Pinheiro, tendo-lhe sido dito que deveria comunicar ao SIS e à PJ. "Eu não estava no Ministério quando aconteceu a agressão [a duas pessoas do seu gabinete]. Liguei ao primeiro-ministro, que estava a conduzir e não atendeu, liguei ao secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro e disse que eu devia falar com o Ministério da Justiça, coisa que fiz, e disseram-me que o meu gabinete devia comunicar esses factos àquelas duas entidades [SIS e PJ]."

Nas palavras de João Galamba, nesse mesmo dia, Frederico Pinheiro "levou um computador" que era propriedade do Estado e continha documentos classificados. "As autoridades competentes fizeram o que entenderam dever fazer. A minha chefe de gabinete [Eugénia Cabaço] apenas denunciou o roubo de um equipamento do Estado que continha informações confidenciais", defendeu.

Frederico Pinheiro confirmou que foi ao ministério buscar o computador e explicou que o objetivo era fazer um "back up" caso fosse chamado à comissão parlamentar de inquérito à TAP, tendo manifestado logo na altura disponibilidade. E refuta as agressões e assegura ter sido ele a devolver o computador.

(Notícia atualizada às 17h:20).

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