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Suborçamentação do SNS atinge 300 milhões por ano

Análise do Conselho das Finanças Públicas olha para a suborçamentação do Serviço Nacional de Saúde e conclui que existiu pelo menos desde 2014. Desde então, por ano, o défice do SNS ultrapassou, em média, em 300 milhões o montante orçamentado. Covid-19 fez disparar despesa com saúde para níveis históricos.

Nazaré da Costa Cabral, presidente do CFP
Nazaré da Costa Cabral, presidente do CFP Mário Cruz/Lusa
27 de Maio de 2021 às 17:09

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem uma suborçamentação crónica que rondou os 300 milhões de euros por ano entre 2014 e 2020. A conclusão é do Conselho das Finanças Públicas (CFP) num relatório que analisa o desempenho do SNS no ano passado e que foi divulgado nesta quinta-feira, 27 de maio.

No relatório, o CFP conclui que o objetivo fixado no orçamento inicial para o saldo do SNS não foi alcançado em nenhum dos anos entre 2014 e 2020 e que os défices verificados ficaram "sempre substancialmente pior" do que o orçamentado.

Entre 2014 e 2020, pelas contas do CFP, os desvios orçamentais do SNS totalizaram 2.068 milhões de euros, o que corresponde a quase 300 milhões de euros em cada um desses anos. No entanto, os especialistas em finanças públicas destacam que a diferença no défice do SNS face ao orçamentado oscilou entre 42 milhões de euros em 2017 e 538 milhões em 2019.

"Estes sistemáticos desvios negativos resultam de uma suborçamentação da despesa, pois, em média, para o período 2014-2020, a despesa do SNS foi superior em 5,4% àquela que estava orçamentada", afirma a entidade liderada por Nazaré Cabral.

Para o CFP, esta evidência "sugere dificuldades crónicas" no planeamento dos recursos necessários para o SNS, "na implementação das políticas que visam a realização da receita e a contenção da despesa nos limites orçamentais aprovados pela Assembleia da República".

Em relação ao ano passado, o Conselho assume o orçamento inicial – e não o suplementar – de 2020, o que significa que mesmo a atividade do SNS em pré-pandemia estava suborçamentada. O Governo estimava um saldo nulo do SNS em 2020 e acabou por apresentar um défice de 292 milhões de euros, diz o CFP citando dados da Administração Central do Sistema de Saúde.

O orçamento suplementar, aprovado para responder à pandemia de covid-19, reforçou o SNS em cerca de 500 milhões de euros.

Nazaré da Costa Cabral, presidente do CFP
Suborçamentação do SNS atinge 300 milhões por ano

Despesa do SNS dispara para máximo histórico com covid-19

Com a pandemia de covid-19, a despesa do SNS atingiu em 2020 o valor mais elevado de sempre tanto em termos nominais -11.456 milhões de euros – como em percentagem do PIB (5,66%), subindo também o seu peso no total da despesa pública (11,7%), destaca o CFP.

No ano passado, a despesa do SNS subiu 6,8% em relação ao ano anterior, em resultado do aumento com compras de inventário (mais 308,8 milhões de euros) e das despesas com pessoal (mais 269,2 milhões de euros).

A despesa do SNS em percentagem do PIB iniciou uma trajetória ascendente em 2018, depois de ter caído entre 2014 e 2017, atingindo o valor máximo de 5,66% do PIB em 2020, refletindo o impacto da pandemia: a despesa subiu 6,8% enquanto a economia caiu 5,4% em termos nominais.

Para os especialistas em finanças públicas, o SNS "enfrenta riscos e incertezas que podem condicionar o seu desempenho e sustentabilidade futuros" além da pandemia, como o envelhecimento da população.

Entre os riscos orçamentais, o CFP assinala uma "reduzida diversificação das fontes de receita do SNS", que depende na sua quase totalidade (96,5%) do Orçamento do Estado. Por isso, a entidade liderada por Nazaré Cabral considera que a rentabilização dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) torna-se "mais premente".

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