Magnata de Hong Kong vende coleção de vinhos por 8 milhões, o dobro do estimado
No leilão "Vinhos icónicos de Joseph Lau - parte III" estiveram mais de 200 lotes de vinhos finos, incluindo raridades francesas, com perto de 70% a serem vendidos acima da estimativa mais elevada. Maioria dos compradores pertence à geração "millennial".
Joseph Lau, um magnata do imobiliário de Hong Kong, vendeu mais um lote da sua coleção de vinhos numa leilão, esta semana, encaixando o dobro do valor estimado pela Christie's: o equivalente a 8,2 milhões de euros (ao câmbio atual) contra os 4 milhões de euros previstos.
Em comunicado, a leiloeira indica que a coleção - composta por mais de 200 lotes de vinhos finos, incluindo raridades de Henri Jayer, um dos mais influentes produtores de vinho do mundo, assim como colheitas de Petrus e selecções do Domaine de la Romanee-Conti - levou a uma "guerra" de licitações, com perto de 70% dos lotes a serem vendidos acima da estimativa mais elevada.
Aliás, especifica, o lote mais caro, composto por 10 garrafas Vosne-Romanée Cros-Parantoux 1999, foi arrematado por 3,2 milhões de dólares de Hong Kong (360,2 mil euros), ou seja, mais do triplo da estimativa mais baixa.
A maioria dos compradores (55%) pertence à geração dos "millennials" (nascida entre 1981 e 1996), segundo a Christie's que refere ainda que mais de 40% arremataram os vinhos online.
Esta é a terceira vez que o milionário de Hong Kong, que fez fortuna no imobiliário, coloca um "pedaço" da sua coleção pessoal de vinhos em leilão, com a venda a ser denominada, aliás, pela casa leiloeira de "vinhos icónicos de Joseph Lau - parte III". Contas feitas, os três leilões (os dois anteriores foram em 2022) renderam a Joseph Lau 198,2 milhões de dólares de Hong Kong (22,3 milhões de euros).
"Os resultados alcançados são uma prova da raridade, estima e proveniência irrepreensível dos vinhos de Joseph Lau", realça a Christie's, revelando que estão previstos novos capítulos da série de "vinhos icónicos de Joseph Lau".
Lau, de 73 anos, é, além de um dos homens mais ricos da Ásia, uma figura proeminente de Hong Kong, antiga colónia britânica que, desde 1 de julho de 1997, é Região Administrativa Especial, o mesmo estatuto que detém Macau desde 20 de dezembro de 1999.
É conhecido por ser um ávido colecionador não só de vinhos caros, mas também de artigos de luxo. E, em particular, de arte, detendo, entre outros, pelo menos uma obra da série "Mao", que retrata o antigo líder da China comunista Mao Zedong, feito pelo mestre da "pop art" Andy Warhol, e a pintura "Te Poipoi" ("A manhã"), do pintor francês Paul Gauguin. Serão parte de um espólio avaliado em mais de mil milhões de dólares (894 milhões de euros), segundo a Forbes.
Em 2023, arrecadou 25,2 milhões de dólares de Hong Kong (2,9 milhões de euros) com a venda 77 carteiras luxo num leilão da Sotheby's. A maioria era da Hermès, com o lote a incluir também exemplares de edição limitada de Jean-Paul Gaultier, que foi diretor criativo daquela prestigiada casa francesa de moda (2004-2010). Segundo a leiloeira, foi, pelo menos até então, "a maior venda de malas de mão de um único proprietário realizada na Ásia".
Milhões em diamantes para a filha
Mas além de vender em leilões, Lau também compra e muito. Em 2015, por exemplo, arrematou então pelo valor recorde de 48,4 milhões de dólares (43,2 milhões de euros ao câmbio atual) um diamante azul de 12,03 quilates, para a sua filha, de sete anos. Isto um dia depois de ter gastado 28,5 milhões de dólares (25,4 milhões de euros num raro diamante cor-de-rosa de 16,08 quilates - o maior do seu tipo a ir ao "martelo". A "Lua Azul de Josephine" e a "Doce Josephine" juntaram-se à "Estrela de Josephine", um diamante azul rectangular que comprara por 9,5 milhões de dólares (8,5 milhões de euros) quando a filha tinha um ano.
Grande parte do património de Lau, com uma fortuna avaliada em 5 mil milhões de dólares, de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg, vem do ramo imobiliário e da "fatia" detida na Chinese Estate Holdings, acionista da Evergrande, gigante do imobiliário chinesa que entrou em liquidação após uma grave crise de liquidez, de cujo fundador, Hui Ka Yan em cantonês (ou Xu Jiayin em mandarim) é grande amigo e parceiro de negócios.
Lau foi julgado e condenado à revelia, em 2014, por corrupção e branqueamento de capitais num caso conexo ao mega-processo do antigo secretário para os Transportes e Obras Públicas de Macau Ao Man Long, mas nunca cumpriu a pena de cinco anos e três meses, por não existir então um acordo de extradição entre as duas regiões administrativas chinesas vizinhas.
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