Dona da Iberia quer garantias de que pode assegurar posição maioritária na TAP
O grupo IAG avisou que a venda de uma posição minoritária na TAP é vista como um "problema" e que a atual saúde económico-financeira da empresa portuguesa ainda tem muito que melhorar para se posicionar ao nível das companhias aéreas que a querem adquirir. Esta declaração surge depois de a dona da British Airways e da Iberia ter admitido querer "esclarecer vários temas antes de propor um investimento".
Em entrevista à Bloomberg TV, o administrador financeiro, Nicholas Cadbury, assume que é preciso um "caminho claro para a titularidade, uma propriedade total ou maioritária", sendo que "neste momento, isso não está em cima da mesa". Ainda que tenha manifestado interesse na TAP, como sempre o fez desde que a possibilidade foi levantada, o grupo anglo-espanhol sempre se posicionou para a compra de uma participação maioritária ou total, como tem nas restantes companhias do grupo.
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As declarações de Cadbury são conhecidas depois de o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, abrir caminho à segunda etapa do processo de privatização: as propostas não-vinculativas. Em conferência de imprensa, Pinto Luz esclareceu que é nesta fase que os três grupos interessados vão avançar com uma proposta de valor para a TAP, ainda que não seja um compromisso efetivo.
"Agora é tempo de apresentar as propostas financeiras não vinculativas. O preço em euros, outras propostas de valorização da empresa como 'earn outs', dividendos, perspetiva de valorização futura, nomeadamente da participação remanescente, formas alternativas de pagamento, troca de ações", mas nestas propostas deve ainda ser integrado o plano industrial e estratégico, bem como "eventuais condicionantes à operação".
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O Governo tem em cima da mesa, atualmente, 49,9% da TAP para venda, sendo que 5% estão reservados para os trabalhadores da companhia. Caso os trabalhadores não avancem para a sua participação por direito preferencial, o comprador adquire a fatia total de 49,9%.
Nicholas Cadbury assume que o grupo IAG vai ter de trabalhar com o Governo português para perceber como pode investir na TAP, de forma a transformar a companhia aérea de bandeira. "Se não o conseguirmos fazer, será um negócio muito difícil de fazer", admite o administrador financeiro.
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Na mesma conferência de imprensa, o governante revelou que nem todos os ativos da TAP estão em jogo. Depois de, no lançamento do processo, ter dito que os "cinco grandes ativos" iam ser privatizados, o Governo deu um passo atrás e incluiu apenas três: a companhia aérea, a Portugália (operação TAP Express) e a Unidade de Cuidados de Saúde TAP (UCS), excluindo a CateringPor e Sociedade Portuguesa de Handling, nas quais detém 51% e 49,9%, respetivamente.
O responsável assegurou que as contas da TAP também podem ser parte do problema. Apesar de irem ter acesso a alguns dados internos - após assinatura de acordos de confidencialidade -, Cadbury aborda a necessidade de aumentar a atual margem da TAP. Esta margem anual está atualmente em 8%, mas a também dona da Aer Lingus e Vueling quer fazer um "match" à altura do grupo, pretendendo elevá-la para entre 12% e 15%, em linha com os objetivos do grupo.
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