Marubeni, um gigante que tanto vende café como turbinas eólicas
Depois de ter investido mais de 400 milhões de euros em Portugal, comprando participações em grupos de distribuição de gás natural, de produção de energia e de abastecimento de água, a Marubeni vai finalmente abrir uma filial em Lisboa.
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A empresa, que em 2015 apresentou receitas de 60 mil milhões de dólares (14.º melhor resultado no Japão, de acordo com o ranking Forbes Global 500), tem um perfil que apenas se encontra no país do sol nascente, uma vez que opera num conjunto muito alargado de sectores, a maior parte dos quais como intermediária.
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No Japão, essas empresas são designadas de "sogo shosha", o que significa que são empresas de comércio em mercados internacionais de uma variedade invulgarmente alargada de produtos. Há apenas sete conglomerados nessa categoria no Japão, lê-se na página da Marubeni, que explica que, inicialmente, estas empresas não podiam ser detentoras da produção nem dos recursos dos produtos que transaccionavam.
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Estando relegadas ao papel de intermediárias, a forma que tinham de aumentar a sua rentabilidade seria transaccionar volumes gigantescos de produtos das mais variadas áreas. Em 2015, o CEO de outra "sogo shosha" japonesa, a Mitsui, classificava desta forma a actividade da empresa: "a nossa especialidade é fazer negócio em muitas áreas e aproveitar as sinergias que são criadas". A actividade destas empresas também é apresentada como abrangendo "desde noodles a satélites".
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A Marubeni tem 448 empresas diferentes nos sectores da energia, têxtil, alimentar , transportes, logística, químicos ou financeiro. No total emprega 39.914 trabalhadores, a grande maioria dos quais trabalham nas companhias que vai adquirindo. Nos Estados Unidos, por exemplo, é dona da Helena, a segunda principal retalhista de fertilizantes e produtos químicos. No Japão é responsável por 30% do café consumido e é a principal vendedora de cereais (em 2015 vendeu 67 milhões de toneladas).
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Um quinto da electricidade em Portugal é gerada pela Marubeni
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Essa estratégia de diversificação já chegou a Portugal. Em 2013, a Marubeni comprou 50% da National Power Holdings, que detinha as centrais eléctricas de gás e carvão e parques eólicos da GDF Suez em Portugal. Esses activos representavam, na altura, 17% da capacidade instalada de produção de energia eléctrica em Portugal – número que entretanto é de 19%, segundo a AICEP.
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Posteriormente, em 2014, a Marubeni avançou para a compra da AGS, que detém o abastecimento de água em 14 municípios portugueses, em conjunto com a INCJ, igualmente nipónica. Essa operação terá sido concretizada por 72 milhões de euros, e permitiu a entrada da Marubeni no Brasil, onde a AGS também opera.
Mais recentemente, em Outubro do ano passado, a Marubeni passou a deter, em conjunto com a Toho Gas, uma participação de 22,5% no capital da Galp Gás Natural Distribuição, subsidiária de distribuição de gás natural da Galp Energia, que continua a deter 77,5% do capital. O negócio valeu 138 milhões de euros.
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A abertura da filial em Lisboa deixa antever que novas aquisições poderão estar a caminho, bem como a expansão para países de língua portuguesa.
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