Défice tarifário da EDP ditou "chumbo" do BCP

O investimento do BCP na titularização do défice tarifário da EDP foi o principal responsável pelo facto de o banco ter falhado os testes de stress do BCE no cenário adverso. Esta aplicação, que a instituição já vendeu, pesou cerca de 0,7 pontos percentuais no rácio de capital.
Miguel Baltazar/Negócios
Maria João Gago 26 de Outubro de 2014 às 11:20

O investimento que o BCP fez na operação de titularização do défice tarifário da EDP, que na prática é um crédito sobre a empresa de energia, foi a principal razão para a instituição liderada por Nuno Amado ter ficado aquém do rácio de solidez mínimo exigido no cenário mais severo dos testes de stress do Banco Central Europeu (BCE).

PUB

 

A futura entidade de supervisão europeia decidiu que este investimento deveria ser penalizado e, de acordo com a metodologia de avaliação do BCE, o facto de o BCP ter esta exposição no final de 2013 reduziu o seu rácio de solidez em mais de 0,73 pontos percentuais. Uma diferença que, no caso do cenário adverso usado nos testes de stress, ditou que a instituição ficasse abaixo do mínimo de 5,5% exigido. Sem este investimento, o banco teria ficado com um rácio superior a 5,6% no exercício com o cenário mais severo.

PUB

 

O facto de o BCE penalizar este investimento levou o BCP a vender este activo, transacção que decorreu já este mês e terá sido realizada por um valor próximo do montante investido pelo banco. Do lado comprador estiveram bancos internacionais.

PUB

 

As operações de titularização do défice tarifário da EDP permitem que a eléctrica antecipe o pagamento da dívida que lhe é devida pelo facto de a empresa pagar a electricidade mais cara do que, até certa altura, podia ser vendida aos consumidores finais. Desde 2009, a eléctrica já "vendeu" 3.900 milhões de euros deste défice.

PUB

 

Para os bancos e outros investidores, como aconteceu com o BCP, investir nos títulos decorrentes das titularizações realizadas pela EDP é uma forma de aplicar dinheiro garantindo o recebimento de um juro anual.

PUB

 

O BCP quis garantir junto do BCE que no caso da situação económica se degradar, e o cenário adverso dos testes se concretizar na realidade, poderia colmatar as necessidades de capital vendendo a operação na Polónia. Um cenário que já está previsto no plano de reestruturação negociado com Bruxelas, no âmbito do apoio estatal que o BCP recebeu.

PUB

 

No entanto, o BCE disse que não consideraria o capital liberto pela venda da operação polaca para satisfazer as necessidade de capital do BCP.

PUB

 

Esta operação nunca poderia evitar o chumbo uma vez que tiveram em conta os dados relativos ao final de 2013 e não consideraram as medidas tomadas depois de 31 de Dezembro.

PUB

 

Défice tarifário da EDP ditou "chumbo" do BCP
PUB
Saber mais sobre...
Saber mais bcp testes de stress défice tarifário
Pub
Pub
Pub