Volume salva lucro da CGD após queda da margem. Mantém-se em 893 milhões
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou um lucro de 893 milhões de euros no primeiro semestre. A alteração face ao valor registado no período homólogo é residualmente positiva: mais 4 milhões de euros.
A evolução explica-se com a conjugação de dois fatores: a queda da margem financeira compensada pelo aumento do volume de negócios.
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A diferença entre os juros cobrados e recebidos desceu cerca de 10% para 1,28 mil milhões de euros. São menos 146 milhões de euros. "A margem financeira acompanha a evolução das taxas de mercado. O crescimento da carteira de crédito e de títulos, a par da gestão do risco de taxa de juro mitigam queda da margem", explica a instituição financeira no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A taxa da margem financeira está em 2,53%. Em junho de 2024 era 3,11%.
O crescimento do volume de negócios, por seu turno, foi de 5% para 169 mil milhões de euros. A diferença é de 4 mil milhões de euros face ao valor registado no primeiro semestre de 2024, com as carteiras de crédito (49,8 mil milhões) e de depósitos e outros recursos (77,3 mil milhões) a repartirem o aumento: subiram 2 mil milhões cada uma.
O volume de crédito à habitação subiu 1,17 mil milhões de euros (4,6%) e foi o maior responsável pelo crescimento da carteira de empréstimos como um todo. O crédito a empresas ganhou 997 milhões de euros, enquanto os empréstimos ao consumo subiram 97 milhões.
A garantia pública foi um dos principais fatores de crescimento, admite o banco público, que escreve que "o segmento jovem impulsionou o crescimento acima do mercado na produção de crédito à habitação".
Os números mostram isso mesmo: no primeiro semestre de 2025 a produção de crédito à habitação subiu mil milhões de euros, ou 63%, passando de 1,58 mil milhões de euros para 2,58 mil milhões.
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No total, a carteira de crédito à habitação atinge agora 26,7 mil milhões de euros. Cresceu 8% face ao valor homólogo.
A Caixa já concedeu 800 milhões de euros de crédito ao abrigo do regime de apoio aos jovens até aos 35 anos na compra da primeira casa. Contratou ou tem em fase final de contratação cerca de 4200 operações. Os pedidos de crédito com garantia recebidos pelo banco público totalizam 1,8 mil milhões de euros.
O crédito ao consumo continua a aumentar: a carteira cresceu 13% para 1,29 mil milhões de euros.
A carteira de crédito a empresas evoluiu cerca de mil milhões de euros, com destaque para a agricultura (mais 11,1%), indústria (mais 3,5%), comércio (subiu 2,3%), atividades imobiliárias e de construção (2,5%) e alojamento e restauração (1,6%).
O rácio de malparado continua em queda, embora residual: desceu de 1,48% em junho de 2024 para 1,47% no mesmo mês deste ano.
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Nos últimos seis meses a Caixa aumentou significativamente a sua carteira de títulos de dívida soberana. É também uma forma de proteger a margem financeira. A subida, face a dezembro de 2024, foi de mais de 6 mil milhões de euros, atingindo 24,8 mil milhões de euros. Sendo que a dívida portuguesa representa 23% dessa carteira. O restante é composto por títulos de outros países (de dentro e fora da zona euro) e por instrumentos supranacionais.
A CGD registou, no primeiro semestre, uma redução da liquidez. Os depósitos e ativos disponíveis para financiamento junto do Banco Central Europeu (BCE) caíram de 40,6 mil milhões há um ano para 39,5 mil milhões em junho de 2025.
Em termos de capital, o rácio CET 1 ("Common Equity Tier 1") aumentou para 20,92%, sendo mais do dobro do requisito regulamentar de 8,87%. Isto mesmo após o pagamento de dividendos.
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