BdP alerta que "crise económica não se deve transformar numa crise financeira"
Mário Centeno tem vindo a afirmar que a banca faz, desta vez, parte da solução nesta crise pandémica. Mas o setor não está imune aos riscos associados à covid-19.
Têm sido várias as medidas adotadas para apoiar as famílias e empresas mais penalizadas pela pandemia. Seja através de moratórias ou linhas de crédito. E tem de se garantir que estas preservam a estabilidade financeira, alerta o Banco de Portugal. Isto de maneira a que a crise económica não se transforme numa crise financeira.
Este alerta consta do relatório de estabilidade finaneira para dezembro apresentado esta quinta-feira, 17 de dezembro, pelo regulador. E onde refere os principais riscos e vulnerabilidades para a estabilidade do setor financeiro.
"As medidas dirigidas ao setor bancário e ao setor privado não financeiro devem articular-se e complementar-se para preservar a estabilidade financeira. A crise económica não se deve transformar numa crise financeira", refere o Banco de Portugal no documento.
"As iniciativas europeias de resposta à crise e de recuperação económica permitiram estabelecer condições semelhantes entre países, perante um quadro pré-pandémico de endividamento privado e público diferenciado. A eficácia da concretização destes apoios permitirá aos países calibrar as medidas de apoio à economia que promovam trajetórias de recuperação económica alinhadas e que afastem cenários de fragmentação económica e financeira", acrescenta.
A este risco juntam-se outros a que o regulador faz referência no comunicado sobre o relatório apresentado por Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, e o administrador Luís Laginha de Sousa.
É o caso das reduções abruptas e significativas de valor em ativos financeiros, face a potenciais episódios de volatilidade extrema nos mercados financeiros, correção em baixa dos preços do imobiliário residencial, mas também o agravamento da dívida das empresas, o que pode pressionar a sua solvabilidade.
Por outro lado, o banco central refere ainda o endividamento dos particulares e das Administrações Públicas no médio prazo, o aumento do nexo entre sistema bancário e setor público, expectativa de aumento dos NPL e perspetivas de rendibilidade baixa no setor bancário. Isto além do risco da desadequação dos estímulos monetários e orçamentais aos diferentes momentos da crise.
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