Caixa aponta fecho da venda do banco em Cabo Verde para janeiro
Alienação era objetivo antigo do banco público. Foi anunciada há mais de um ano e vai ser concretizada nos próximos meses. Supervisor cabo-verdiano não se opôs à venda da participação de 59% no BCA à Coris, do Burkina Faso.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) conta fechar até ao final de janeiro a venda da participação de 59,81% no Banco Comercial do Atlântico (BCA) à Coris, do Burkina Faso.
Há vários anos que o banco público tenta levar a cabo a operação, mas agora, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) depois da "luz verde" do supervisor cabo-verdiano, a CGD adianta que "considerando os atos societários e contratuais a executar, o processo de alienação deverá ser concluído durante o mês de janeiro de 2026".
Na segunda-feira, o Banco de Cabo Verde (BCV) anunciou a sua não oposição à operação, quase um ano e meio depois da entrada do pedido, demora justificada pelo supervisor de Cabo Verde com a complexidade do processo.
O BCA é um dos maiores bancos do país africano, com dimensão sistémica, o que exigiu "diligências adicionais" ao supervisor. Acresce que o comprador - a Coris, do Burkina Faso - é uma "holding", com filiais em diversas jurisdições e ramificações.
Comunicado à CMVM
O banco público não respondeu às questões do Negócios sobre os detalhes financeiros da operação anunciada em março de 2024, e que nesse momento foi avaliada em 70,5 milhões de euros, com a instituição financeira a estimar mais-valias de 15,8 milhões de euros.
A alienação daquela participação consta do plano de reestruturação da Caixa aprovado em 2017. A operação estava planeada desde 2019, mas atrasou-se devido à pandemia. A CGD vai continuar presente no mercado de Cabo Verde através do Banco Interatlântico.
A Coris Holding é uma instituição financeira cujas principais atividades estão organizadas em torno do setor bancário sob a marca Coris Bank International, com nove filiais. Além do Burkina Faso (onde está cotada), está presente na Costa do Marfim, Mali, Togo, Benim, Senegal, Níger, Guiné-Bissau e Guiné-Conacri.
Brasil em 2027
Além desta alienação, a CGD está em processo de venda da operação no Brasil. Tal como no país africano, esta é uma decisão que remonta à restruturação associada ao plano de recapitalização da instituição financeira, há muito terminado.
Essa operação, no entanto, só deverá estar fechada em 2027. "Estes processos de venda são sempre muito demorados, em particular a sequência de autorização regulatória", que a experiência no Brasil mostra que leva "perto de um ano", afirmou o vice-presidente da Comissão Executiva da CGD, Francisco Cary, numa conferência organizada pelo Negócios.
Em setembro, o Governo aprovou a venda da totalidade banco da CGD no Brasil, relançando um processo que já teve avanços e recuos. Em novembro, o CEO do banco público, Paulo Macedo, disse que já há vários interessados.
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