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“Há espaço para evolução da dimensão e âmbito das inspeções onsite” à banca

Pedro Machado destaca a reforma que está a ser feita ao processo de análise e avaliação realizada pelo Banco Central Europeu. Aponta a uma maior eficiência do supervisor, com impacto positivo nos supervisionados.

Pedro Machado, membro do Conselho de Supervisão do BCE
Pedro Machado, membro do Conselho de Supervisão do BCE João Cortesão
12:47

O Banco Central Europeu (BCE) está a rever o modelo de supervisão do sistema financeiro da área do euro. “É uma evolução, não uma revolução”, como diz Pedro Machado, que visa aumentar a eficiência da regulação da banca. A promessa é de uma maior eficácia, maior agilidade, havendo ainda áreas em que será possível fazer melhor. As inspeções “onsite” são uma delas.

Falando sobre a “Next Level Supervision”, na apresentação feita na “Banca do Futuro”, conferência organizada pelo Negócios, o membro do Conselho de Supervisão do BCE aponta para uma “revisão aprofundada” da supervisão financeira, salientando que o processo de análise e avaliação (SREP, na sigla inglesa) será mais simples, “focado no que importa”. “Vamos tentar ser mais eficientes, eficazes e ágeis na supervisão”, disse.

Com este objetivo em mente, Pedro Machado apontou as áreas de trabalho em que o BCE está a atuar. Entre essas estão as inspeções “onsite” realizada pelo supervisor do sistema financeiro nacional, muitas vezes alvo de críticas por parte dos supervisionados. “Nem sempre a proximidade de supervisão e inspeção é conseguida. Há espaço para evolução de dimensão e âmbito das inspeções ‘onsite’”, admitiu.

Entre as áreas de trabalho está ainda a revisão dos modelos de "stress tests". “Queremos reduzir o nível de informação pedida [aos bancos ] nos testes de stress”, disse. O próximo "stress test", que vai realizar-se em 2026, “vai incidir num cenário de risco geopolítico”, sendo que o BCE “vai basear-se na informação disponível da banca. Vamos simplificar o processo”.

Há também mudanças nos processos de avaliação ao nível do “fit & proper”, com a promessa de maior rapidez. “Estávamos com 109 dias, mas em 2024 chegámos aos 97 dias” para apresentar o resultado. A “ambição é conseguir com a digitalização e ferramentas tecnológicas, conseguir estes ganhos de eficiência”, explica o responsável do BCE.

Maior celeridade é prometida também na avaliação de medidas com impacto no capital dos bancos. “Vamos reduzir substancialmente o prazo de avaliação do que são as recompras de ações, as amortizações de instrumentos de fundos próprios”, entre outros. O mesmo acontecerá na avaliação dos modelos internos dos bancos, enquanto ao nível do reporte, Pedro Machado diz que vai “mudar o paradigma de reporte”, reduzindo também os encargos sobre o setor.

Segunda fase com mais IA

Estas alterações fazem parte de um conjunto de mudanças que estão a ser implementadas ao modelo de supervisão do BCE que, a prazo, evoluirá com a integração de ferramentas de Inteligência Artificial (IA).

Estas mudanças só são possíveis “com os sistemas adequados”. “Temos reformas de sistemas informáticas e de sistemas que permitem ganhos de eficiência”, notou, lembrando que o BCE está agora “a fazer a transição para a nova fase da IA. Temos uma grande margem de progressão tendo em conta a IA”.

Para “dar este passo é preciso dá-lo com critério. Para atingir este tipo de resultados, quer da redação dos documentos, quer a parte analítica, quer da capacitação da informação, temos de o fazer com critérios de qualidade e controlo da própria IA. É aqui que entra a parte dos controlos da IA. É importante”, diz, salientando que a “queremos que a supervisão continue a ser feita por pessoas. A transição para a IA vai criar agilidade, mas não vai substituir o supervisor”, remata.

“Há tentação para se dizer que vai ser uma máquina a fazer a supervisão”, mas não será assim, assegura. “Tal como não é a IA que faz o trabalho da banca comercial”, atira Pedro Machado. “Não será a IA a decidir o crédito. Pode ajudar, mas no fim não será ela a decidir”, conclui.

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