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Tarifas de Trump são "atitude insustentável", avisa Centeno

O governador do Banco de Portugal elencou riscos geopolíticos para o crescimento da economia europeia, que inclui a eleição de Donald Trump e as respetivas tarifas anunciadas na madrugada desta terça-feira.

Mário Centeno na Conferência Banca do Futuro em novembro de 2024
Mário Centeno na Conferência Banca do Futuro em novembro de 2024 Mariline Alves
26 de Novembro de 2024 às 10:18

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, alertou esta terça-feira para os riscos das tarifas anunciadas durante a madrugada desta terça-feira pelo recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"A entrada em vigor de tarifas no comércio internacional não são uma boa notícia para a área económica mais aberta do mundo, que é precisamente a área do euro", disse Centeno,  na conferência "Banca do Futuro", organizada pelo Negócios.

"E uma pequena economia aberta como a portuguesa sofre quanto este tipo de atitudes insustentáveis são colocadas", completou.

O governador e membro do conselho do Banco Central Europeu deixou vários alertas sobre a estagnação do investimento na economia europeia, "que não cresce, apesar de criar muito emprego", e elencou os "riscos que se acumulam em baixa", que incluem os geopolíticos, com uma guerra na Europa e os derivados das eleições norte-americanas.

Ainda assim, Centeno defendeu que se deve "olhar para a Europa com um misto de otimismo, foi uma região que passou por crises pandémicas e inflacionistas, mas a Europa é uma economia estagnada e não cresce", apesar de o número de empregos estar atualmente em valores recorde.

No entender do governador do Banco de Portugal "a estagnação da economia europeia é o preço que os europeus estão a pagar para combater a inflação". Esse cenário deverá, no entanto, mudar "com o ciclo de taxas de juro a aproximar-se dos 2%, um objetivo compatível com a taxa de inflação que está próxima dos 2%". Desta forma, "os tempos de taxas de juro mais baixas estão ultrapassadas".

Apesar de os Estados Unidos terem, desde a pandemia, registado um crescimento da economia superior do que a Zona Euro: "maravilhoso, mas não é sustentável", disse Centeno.

O membro do conselho do Banco Central Europeu acredita que a Europa tem do seu lado "o benefício de ter tomado decisões sustentáveis, em termos de regulação". A garantia dada é de que é preciso fazer mais, nomeadamente a nível da união do mercado de capitais e da união bancária - criando uma estrutura uniformizada - para que, numa altura em que as poupanças estão em máximos históricos, os europeus "prefiram investir as poupanças na Europa do que noutras jurisdições".

"O maior impedimento na Europa é a falta de confiança, a Europa tem uma aversão ao risco, por isso somos dos mais conservadores do planeta" e um cenário regulatório mais favorável poderia mudar isso, acredita Centeno.

O governador alertou ainda para os riscos da fraqueza da economia alemã e francesa, ambos com quedas da atividade económica, que perfazem "25% das nossas exportações". Daí que seja necessário "criar as almofadas e as condições para que a economia portuguesa possa responder a desafios".

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