Comércio espera "alguma recuperação" como prenda de Natal
Quadra natalícia tem perspectivas menos pessimistas que há um ano. Mas há coisas que vieram para ficar.
"Os índices de confiança estão a recuperar, o consumo no alimentar até Setembro também", afirma Ana Isabel Trigo Morais. É por isso que a direcção da APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição) espera "que o Natal venha a ajudar a recuperar as quebras do ano".
A directora-geral da associação que reúne os principais grupos de distribuição portugueses e estrangeiros a operar no País admite: "Estamos expectantes para recuperar perdas anteriores". Com a salvaguarda de que "de qualquer forma, é preciso ter em conta que não se pode onerar mais o mercado interno", Isabel Trigo Morais sublinha contudo que "o consumo animou um pouco, mas está longe de recuperar".
Percepção semelhante tem Ana Vieira, secretária-geral da CCP (Confederação do Comércio e Serviços de Portugal) que acredita que por pouco pessimistas que sejam as perspectivas para a quadra natalícia, a época "não vai dar para recuperar o ano inteiro" que termina num mês.
CCP vê "sinais" positivos
"A nossa percepção é que este Natal, face ao último, será um pouco melhor", reconhece, ainda assim, Ana Vieira. Há, face a um "Natal de 2012" que "foi muito mau", uma perspectiva "um pouco mais positiva", ou melhor dizendo "um pouco menos negativa" que há um ano.
Há "sinais", advoga a secretária-geral da CCP, face ao que tem sido "a política de austeridade seguida" até agora, "de menor receio" da parte dos consumidores. "Até porque", continua, "as pessoas vão começando a admitir que um conjunto de realidades vieram para ficar". E com as realidades, vieram os hábitos de compra: "Como uma maior preocupação com o tipo de gastos, que tendem a ser menores; e prendas que tendem a ser mais pensadas".
"O paradigma do consumo mudou", concorda Isabel Trigo Morais, que justifica: "Não só devido à crise, mas também devido ao comércio electrónico e à forma como hoje em dia se consulta e partilha a informação". "As pessoas procuram as melhores oportunidades, comparam mais os preços, e fazem menos compras por impulso. Os retalhistas têm de se saber adaptar a este novo perfil de cliente, informado e atento, que exige dinâmica promocional para fazer as suas compras". A directora-geral da APED recorda que "no primeiro semestre deste ano, cerca de 25% das vendas realizadas foram feitas com base em promoções" e defende que "quando entrar em vigor, o novo quadro legislativo para as práticas restritivas no comércio poderá vir a ter impactos negativos para os consumidores", como a APED já alertou.
Para a secretária-geral da CCP as categorias com melhores perspectivas são os livros, brinquedos, e bens duradouros como electrodomésticos, que os portugueses optam por comprar com o subsídio de Natal. E depois, toda a parte alimentar, característica desta altura. Há piores perspectivas para os bens de luxo? "Nem por isso. Há públicos para tudo, até porque é a classe média que tem sido mais prejudicada", acredita.
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