Em outubro de 2022, atolada em dívidas e em situação de incumprimento generalizado, a construtora Multimade aderia ao Processo Especial de Revitalização (PER), no âmbito do qual não conseguiu aprovar qualquer plano de recuperação.

E já não pagou os salários de novembro nem de dezembro, tão pouco o subsídio de Natal, tendo sido decretada a sua insolvência a 16 de janeiro do ano seguinte, deixando no desemprego cerca de 100 trabalhadores.

A Multimade faliu com dívidas de 5,1 milhões de euros, tendo o Estado como principal credor, num processo de insolvência em que viu reconhecidos créditos superiores a 1,5 milhões de euros, que resultam da soma dos da Segurança Social (786 mil euros), CGD (695 mil euros) e Fisco (mais de 50 mil euros).

Entre os maiores credores da construtora madeirense, depois das entidades integralmente estatais, surgia a sociedade de garantia mútua Lisgarante (495 mil euros) e a banca privada, com o Novo Banco (470 mil euros), o BPI (340 mil euros) e o Santander (240 mil euros) à frente.

Em sede de liquidação de ativos da construtora madeirense, realizou-se em março de 2023 aquele que foi o primeiro leilão presencial pós-pandemia de covid-19 na Madeira.

Desde maquinaria a madeira de obra, passando por mobiliário de escritório e viaturas ligeiras e pesados de mercadorias, o leilão rendeu 247.770 euros, tendo havido ainda “registo de oferta” (ou seja, abaixo do preço base) para dois lotes, no valor global de 13.900 euros.

Ficou a faltar vender um imóvel e três gruas.

O imóvel foi vendido no mês passado.

“O grupo Vipa concluiu, no passado dia 10 de agosto, a aquisição do conjunto imobiliário pertencente à sociedade Multimade, Lda., no âmbito do processo de insolvência da empresa”, revela o novo dono do imóvel, num comunicado em que detalha que assegurou “a vitória após quase 40 lances apresentados”, num leilão online que finalizou a 27 de março passado.

De acordo com o grupo Vipa, o negócio contempla um prédio com área total de 4.100 metros quadrados, localizado na freguesia de Santo António, Funchal, destinado a armazéns e atividade industrial.

“Este investimento, que entre a aquisição e os encargos associados ascende a 600 mil euros, representa uma oportunidade para revitalizar um ativo com elevado potencial, subaproveitado nos últimos anos”, afirma Pedro Paixão, administrador do grupo Vipa, que pretende “transformar este espaço num polo estratégico de desenvolvimento, que possa contribuir para a dinamização económica e criação de valor na região”.